Como tomar melhores decisões? Muitas vezes, nos vemos presos
em uma situação, sem sabermos direito o que escolher. Que tal começar pelo que
você não quer?
Em minha coluna aqui no Administradores, pelo Facebook ou
pessoalmente, em conferências, leitores me enviam dúvidas sobre suas carreiras,
escolhas profissionais e situações de negócios que exigem uma solução.
Geralmente, estão presas a uma decisão, sem saber o caminho a seguir.
Percebi que apesar de muitas vezes não sabermos o caminho
que queremos seguir, é mais fácil pensar no que não queremos. Você pode não
saber se quer trabalhar com marketing ou vendas, mas pode saber que não quer
trabalhar com finanças. Você pode não saber se é hora de seguir o sonho de
abrir uma empresa, mas sabe que não quer mais continuar no mesmo emprego. Você
pode não saber onde está o homem ou mulher da sua vida, mas sabe que não quer
ficar na sua antiga relação.
O sim pode oferecer uma direção certeira, e é ótimo quando
sabemos exatamente o que queremos. Infelizmente, no mundo real a solução nem
sempre aparece clara dessa forma. Na falta do “sim”, o “não” estabelece
limites, diminuindo as possibilidades e tornando mais fácil a nossa escolha.
Pense em uma decisão como um corredor de várias portas, cada
uma levando a um lugar diferente. Decisões difíceis são aquelas com portas
demais, ou quando não conseguimos ver claramente o que está por trás de cada
escolha. Com portas demais ou falta de clareza sobre o futuro, corremos o risco
de ficarmos parados no corredor, sem sabermos que porta abrir.
Por isso, em vez de pensar qual porta abrir, pode ser útil
começar a fechar algumas. De três portas, podemos ir para duas, de duas, para
uma. E, invertendo o raciocínio, a escolha pode ficar clara.
Não só isso. Enquanto o “sim" é abstrato, o “não"
é mais concreto. Quando fazemos uma escolha, procuramos imaginar o futuro. Ao
escolher uma carreira, por exemplo, você se pega pensando no dia a dia de um
administrador ou advogado. O problema é que nem sempre temos informações
suficientes, e nossas imagens mentais podem ser floreadas por sonhos e
expectativas.
O “não” é visceral, você sabe que não quer aquilo, que não
quer viver daquele jeito, que não consegue se imaginar em uma determinada
situação. Você pode não saber se quer uma graduação em Direito ou
Administração, mas não consegue se imaginar passando por uma de Medicina. Dessa
forma, em qualquer situação, pode identificar aonde não quer chegar, colocar em
sua lista de “portas fechadas” e riscar esse destino como opção.
Guiar-se pelo não pode parecer estranho, até contra intuitivo.
Mas quando estamos empacados, é uma bela forma de eliminar opções e livrar
energia mental para a escolha que temos à nossa frente. A partir do momento em
que passamos a chave e fechamos uma porta, podemos parar de nos preocupar com
ela, podendo dedicar nosso tempo e energia àquelas que ainda julgamos valer a
pena serem abertas.
É muito normal, acredite, ver uma grande confusão mental na
cabeça de profissionais e empreendedores sobre seus destinos, o que querem para
suas vidas, carreiras e empresas. Inverter a questão e questionar o que não
quer, no entanto, faz a conversa destravar e começar a andar em alguma direção.
Portanto, caro leitor, da próxima vez que se pegar em uma
situação difícil, incerta ou com várias opções, procure não só pensar nos caminhos
que valem a pena ser seguidos, mas também naqueles que, definitivamente, não
queremos tomar.
Fonte: Administradores
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