sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Por que estão todos querendo ir embora?

Declaração sincera de empresário reflete triste realidade no Brasil




O lado legal de escrever livros e publicar essa coluna é que tenho bastante contato com empreendedores e profissionais do Brasil todo. Seja em congressos, ou pela Internet, as pessoas acabam me procurando para contar histórias, desabafar e até contar seus problemas e pedir conselhos sobre o que fazer (e já adianto, pessoal, que tentamos o nosso melhor mas nem sempre temos a solução).

Venho percebendo já há algum tempo uma certa sensação de desespero silencioso em grande parte dessa turma. É o modo de falar, a mudança de postura, aquela coisa de quem está apanhando no escuro e não sabe para que lado correr.

Em meu último texto, tentei falar sobre o que penso ser um dos motivos. O sistema que estamos criando em nosso país, infelizmente, parece criar mais problemas e dificuldades do que soluções e facilidades. Não pense que estou sugerindo aquela coisa de Estado mãe de todos, que resolve todos os seus problemas. Longe disso. Mas quando uma boa parte das pessoas começa a reclamar das condições de vida e da dureza da vida, é preciso prestar atenção.

É normal, em recessões e períodos difíceis, que uma parcela da população queira arrumar as malas e procurar mares mais calmos. O problema é quando a coisa parece tão generalizada que esse também se torna o objetivo das pessoas que dão certo e fazem sucesso em nosso país.

Não me leve a mal, sou totalmente a favor de experiências internacionais no currículo. No mínimo, acho que ir para outro país aumenta nossa perspectiva de que existe um mundo lá fora e melhora nossa cultura geral e desenvoltura para lidar com problemas. Também acho válido que pessoas em dificuldade queiram arrumar as malas e recomeçar em outro lugar.

Não é isso que está acontecendo, porém. Como Rolando coloca no vídeo, o sonho não é ter sucesso para ficar por aqui. Com as dificuldades que temos, por que colocar tudo a perder assumindo o risco de ficar, quando finalmente temos patrimônio para fazer a vida em outro lugar? Basta ver o número de pessoas de sucesso saindo, ou o modo como costumamos nos referir a alguém que resolveu ir embora (não me lembro da última vez que ouvi “Tadinho, foi morar na Europa”).

Por favor, não me venham com discursos patrióticos. Em todo lugar que vou, escuto alguém falar que está de mudança, ou ao menos pensando em se mudar. Se você quiser vestir uma camisa verde-amarela, cantar o hino e chamar essa turma de traidores, sinta-se à vontade.

Também podemos tentar entender isso e fazer algo a respeito. Empresários deviam ser celebrados. São eles que assumem riscos, trabalham além das 8 horas por dia, sofrem processos, lidam com fiscalizações e ainda são vistos como culpados quando algo sai errado. Uma empresa que cresce gera empregos, movimenta a economia e paga impostos. É tudo que um país precisa para crescer e ter uma economia saudável.

Como disse outras vezes, não é uma questão de partido, da cor da camiseta ou aquele blá, blá, blá de esquerda ou direita. A questão é o tipo de sociedade que estamos criando e o tipo de país em que queremos viver.

Se o sonho de quem “dá certo” é ir embora, alguma coisa está errada.



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