O equilíbrio entre usar a internet como ferramenta e
tornar-se dependente dela pode ser difícil de alcançar; saiba o que pode gerar
o vício
Vivemos a era da informática, das informações livres e da
acessibilidade fácil e rápida a elas. As tecnologias se renovam,
incessantemente, favorecendo e permitindo o contato das pessoas a todos os
assuntos, a todos os lugares e a hora que quiserem. Esta é a internet, o mundo
de possibilidades que veio para ficar e hoje o mundo não existiria sem ela. A
internet é o sol no centro deste sistema globalizado que aquece a tudo e todos.
Mas acontece que, como tudo nesta vida, a lei criacionista de “causa e efeito”
sintetiza uma máxima: tudo que é demais enjoa. Enjoa, mas também adoece. Muitos
problemas e dificuldades despontaram por conta do surgimento da internet.
Problemas que nem ousarei enumerar, mas quando refletimos quais seriam eles,
rapidamente identificamos. Admito que muitos já existiam e que a internet só
acentuou sua gravidade. Me limitarei a um agravante que recebe pompas de
transtorno, reconhecido pela Associação Americana de Psicólogos como uma
dependência tão crônica quanto à de substâncias como álcool e cocaína, a
Internet Addiction Disorder (Transtorno do Vício de Internet).
O problema afeta mais de 50 milhões de pessoas no mundo,
segundo um recente estudo da Universidade La Salle, nos Estados Unidos. No
Brasil, as pessoas que sofrem desta dependência chega a 4,3 milhões. Estes
números que só tendem a crescer pela maior facilidade de acesso à web e pelo
desenvolvimento de novas tecnologias. Acho oportuno mencionar que a namofobia
também é um transtorno que consiste no vício por celulares, smarthphone e
tablets. Estes são os nomofóbicos. Pessoas que ficam angustiadas quando não podem
usar o celular. A impossibilidade de se comunicar usando o celular é sufocante
e angustiante. O transtorno é associado ao fato de falar a todo o momento com
os outros ou por considerar o celular imprescindível para sua segurança,
desperta também a necessidade de ficar conectado à internet. Isso não só é uma realidade, que muitos
buscam comprar aparelhos cada vez mais modernos que facilitem o acesso à
internet. Os mercados de telefonia móvel, por sua vez, atentos a este
movimento, lançam a cada ano modelos mais potentes, com novos recursos e
aplicativos.
A preocupação se concentra nos jovens e nas crianças, sempre
mais vulneráveis a este tipo de dependência, principalmente pelo surgimento
cada vez maior dos jogos online. Este desprendimento do mundo real é o perigo
da dependência, que pode fazer com que a pessoa viva baseada na irrealidade. A
internet proporciona um prazer imediato, uma satisfação rápida que leva a
pessoa desejar repetir a sensação. Esta busca pelo prazer imediato é o
propósito destes tempos contemporâneos, em que a sociedade é movida pelo prazer
próprio e a satisfação de seus desejos. O mal-estar imposto pela realidade pode
assim ser atenuada. Muitos não possuem a noção do preço pago para concretizar
este desejo desenfreado. Negligenciam suas vidas em prol de uma sensação
agradável, mas momentânea. O indivíduo vivencia uma série de experiências
agradáveis que incluem desde a possibilidade de abstrair o tempo até um
incrível sentimento de poder. Tudo isso a um toque na tecla ou no mouse e que
rompe a frágil película do limite e acionando outras dimensões, a fantasia. A
escravidão é o preço pago.
Outro ponto que contribui para o vício é a ideia de que você
pertence a um grupo. A possibilidade de interagir com todos ao mesmo tempo e
até com pessoas de outros países fomenta a fantasia do ciberviciado. O
anonimato é outro fator preponderante para que esta fantasia aumente. Se
apresentar como quiser, subtraindo em parte ou totalmente o que não gosta em si
mesmo, e assim, assumir a imagem que quiser, colocando as máscaras que achar
conveniente e sustentar a história que for agradável à pessoa.
As consequências do Transtorno de Vício em Internet faz com
que a pessoa aos poucos vá perdendo o interesse na vida e tudo se resuma ao uso
da internet. O isolamento emocional e o contato interpessoal ficam
prejudicados. A alienação é gradativa e a pessoa tende a ter dificuldades em
interagir com o outro que não seja através da internet. Quem precisa usar a
internet no trabalho, como instrumento para contatos e práticas profissionais
não necessariamente possui a doença. O conflito é quando o sujeito começa a
ficar inquieto, agitado e bastante incomodado em não ter condições de acessar a
rede, o que causa muito sofrimento. Deixar de lado a responsabilidade do dia a
dia para ficar conectado é um sintoma evidente da dependência. Carência,
insegurança, vida solitária, dificuldade em lidar com frustrações, fobia
social, baixa autoestima e depressão constituem o perfil de indivíduos mais
propensos a desencadear o transtorno, pois encontra no mundo virtual amparo
para o seus conflitos emocionais.
Existem alguns tratamentos que envolvem remédios e
psicoterapia para diminuir o uso de internet. A proposta é fazer com que ela
substitua a prática por coisas mais importantes na vida, modificando assim os
valores do sujeito e aguçando o juízo crítico. Resgate o contato com o outro
que não deve ser substituído pela máquina. Restituir as identificações sociais
e uma maneira de reconstruir o afeto do sujeito, dando-lhe condições de se
libertar desta dependência.
Fonte: Administradores
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