Especialista oferece dicas de como implementar o home office
na empresa
Tentarei dividir com vocês minha experiência na expansão de
uma área de Call Center através do regime de trabalho à distância. Para a
empresa em que trabalho, essa é uma área de extrema importância, sendo
responsável por toda a atualização do nosso banco de dados (CRM), ao qual toda
organização acessa e consulta diariamente.
Além disso, todo o trabalho de atualização e captação de
dados alimenta nossas ações de marketing direto, sendo responsável diretamente
por trazer clientes à nossa principal área comercial. Sabia que seria
necessário aumentar o departamento do Data Gathering (nome dado à nossa equipe
de Call Center), mas estava esbarrando na dificuldade de expandir o espaço
físico da empresa. Ampliação do escritório estava fora de cogitação e a
terceirização não era uma opção viável, devido ao risco de perda de qualidade.
Procurando por mais soluções, obtivemos o conhecimento do
modelo Home Office, onde comecei a estudar mais a fundo. Abaixo, vocês podem
acompanhar a experiência que eu tive quando resolvi ir a fundo nesta ideia.
Levantamento das Necessidades:
Neste ponto comecei a desenhar quais processos seriam
necessários implantar em um call center à distância. Considerei nesse estudo,
deste a infraestrutura até a parte de contratações.
Sistema de Trabalho:
Comecei a definir qual seria o sistema de trabalho destes
colaboradores e quais legislações existiam que pudessem ajudar ou atrapalhar o
projeto. Constatei que existe pouca coisa a respeito. Remuneração e controles
eram atributos que me preocupavam.
Os processos da área interna
já estavam bem estruturados, fato que me
motivou a optar por manter o mesmo formato. Logo percebi que a carga horária
era um fator determinante para quem trabalhava em casa. Geralmente as pessoas preferem o trabalho
local exatamente para poder cuidar de outras coisas. Ficou nítido que precisava
reduzir a carga horária e, assim que publicamos as novas vagas, rapidamente
notamos uma diferença inclusive no perfil e qualidade dos candidatos. Neste período, defini também que, apesar da
distância, seria necessária uma reunião mensal presencial para que houvesse um
maior alinhamento das metas e uma reciclagem constante de conhecimento.
Desenvolvimento de Recursos:
Tão logo defini o processo, fomos atrás de softwares para
que os colaboradores tivessem acesso ao nosso sistema de CRM de forma remota.
Felizmente, com a tecnologia disponível hoje, conseguimos replicar nosso CRM em
um modelo chamado de Virtualizacão, onde a mesma aplicação que tínhamos dentro
da companhia ficaria disponível a qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo,
sem a necessidade de quaisquer adaptações no sistema. Obviamente havia um custo
de licença de software que deveria ser considerado, mas nada que chegasse
próximo de inviabilizar o projeto.
Por outro lado, precisávamos viabilizar que a equipe remota
pudesse fazer ligações sem incidir em qualquer custo de suas próprias linhas
telefônicas. Nossa área de TI encontrou outra solução também baseada em um
software, que permite a conexão do computador do colaborador que trabalha em
casa direto à nossa central telefônica, onde ele pode pegar uma linha e
telefonar como qualquer outra pessoa que trabalha dentro da empresa. Isso nos
possibilitou também a ganhar controles de gravação e outros recursos de monitoria.
Com tudo isso estruturado, estava na hora de ver se a conta
realmente fechava. Por ser algo novo, tive certa dificuldade para que todos
acreditassem e aprovassem o projeto. O fator determinante de convencimento foi
a vontade de fazer acontecer e a garra de seguir em algo que realmente
acreditava. A segurança que tinha com o êxito do projeto, junto com as contas
de ROI (retorno sobre o investimento), permitiu com que eu siga em frente.
Seleção dos Colaboradores:
Precisava agora definir qual seria o perfil necessário do
colaborador remoto. Para isso, usei como premissa os e valores e a
personalidade da minha empresa. Neste momento, confesso que encontrei certa
dificuldade para o encontrar o perfil correto, tendo como consequência uma alta
rotatividade inicial das pessoas contratadas.
Trabalhar em casa requer uma grande responsabilidade, uma
vez que a disciplina deve ser redobrada por não
haver vigilância integral da chefia. Sendo
assim, aumentei a ênfase para explicar nas
entrevistas a importância do cumprimento das metas e
da pressão diária das tarefas individuais. Isso faz com que muitos já desistam
do processo antes mesmo de serem contratados, reduzindo o custo de rescisão.
Aos poucos, com os erros e acertos, você começa a identificar os perfis mais
aptos a sucederem.
Gestão da Equipe:
Comecei então me perguntando: como realizar trabalhos através de pessoas
situadas em diferentes pontos, conectadas através de meios de comunicação
eletrônicos, visando atingir um objetivo comum?
Com uma segunda planilha justificando retornos, consegui
aprovar com a diretoria a contratação de duas supervisoras, visando ter um
controle mais completo e preciso da performance da equipe.
Feedbacks começaram a ser feitos através do Skype para que
pudéssemos tem uma proximidade maior com o colaborador, contando com o recurso
“face to face”.
Foram
também definidas reuniões
mensais presencias em nossa sede, para que pudéssemos
fazer todo alinhamento necessário das
metas. Na ocasião, iniciamos também treinamentos de melhoria continua.
Treinamento dos Novos Colaboradores:
Novos colaboradores também precisavam de uma atenção
especial. Assim que contratados, passavam por um treinamento semanal de período
integral em nossa sede, para que pudéssemos apresentar as políticas de RH, as
políticas da área, realizar o treinamento das tarefas especificas e transmitir
a nossa cultura.
Percebi que era fundamental promover um treinamento intensivo, para explicar a
importância da disciplina de horários, organização no local
de trabalho, riscos das distrações recorrentes em uma residência e até mesmo a
conscientização perante aos familiares e amigos de que, apesar de estar em
casa, se trata de um horário de trabalho.
Implantação e Feedback:
O projeto começou com um número reduzido de colaboradores,
mas em pouco tempo, aparando as arestas necessárias, conseguimos aumentar
significativamente o quadro. Depois de quase um ano, optamos por extinguir o
restante dos colaboradores internos e aumentar a equipe remota para 24 pessoas.
Nesse meio tempo, foi essencial manter todos os estudos e revisões periódicas
dos resultados obtidos, para se ter certeza que o projeto estava se pagando.
Levando em conta o que eu aprendi, afirmo hoje que é
possível assegurar o sucesso de uma área de call center através do regime Home
Office. No entanto, muitas barreiras são encontradas no meio do caminho, desde
infraestrutura, passando pela definição e identificação do perfil adequado, até
o processo de treinamento, gerenciamento das pessoas, o que inclui construção
de uma nova cultura de trabalho e relacionamento.
Finalizo lembrando que a comunicação é um fator essencial,
principalmente para se manter a eficiência, produtividade e motivação da
equipe. Feedbacks constantes se fazem absolutamente necessários e, mesclar o
online com o presencial, me parece a grande sacada de sucesso deste
negócio.
Fonte: Administradores
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