Sem boa educação e infraestrutura eficiente não há
desenvolvimento sustentável, como prova o medíocre crescimento brasileiro nos 3
últimos anos
O dia 9 setembro de 2013 pode entrar para a História. Foi
promulgada uma lei capaz de transformar a sociedade e a economia brasileira:
75% dos royalties da exploração do pré-sal serão destinados à educação pública
e os 25% restantes irão para a saúde pública.
Esta pode ser a semente de grandes mudanças no Brasil, mas
nada ainda está garantido. Estima-se que a educação receberá cerca de R$ 70
bilhões adicionais nos próximos 10 anos. Para isso, a exploração do pré-sal
precisa avançar rapidamente. O desinteresse das maiores companhias petrolíferas
globais em participar do leilão de exploração do campo de Libra sugere que há
riscos. Excesso de protecionismo, ingerência governamental e incertezas
políticas afastaram grandes empresas americanas e européias ̶ aliás os mesmos
fatores que tem esvaziado leilões de concessão de rodovias.
Sem os investimentos para a exploração do petróleo, os
royalties que garantiriam a melhora da educação não existirão. Pior, quanto
mais demoramos para investir, mais os EUA avançam na exploração do seu gás de
xisto, potencialmente reduzindo a atratividade de investimentos no pré-sal
brasileiro.
Além disso, dinheiro apenas não melhora educação. Só nos
dois minutos que você leva para ler este artigo, mais de R$1 milhão é investido
em educação pública no Brasil. Desde 2006, um forte crescimento da arrecadação
de impostos já tem permitido aumentos significativos dos investimentos em
educação, mas a melhoria dos indicadores de desempenho dos alunos tem sido
modesta. Entre 148 países analisados pelo último relatório do Fórum Econômico
Mundial, o Brasil ficou em 124º em qualidade e acesso à educação.
A boa aplicação dos recursos adicionais através de Estados e
Municípios é incerta. Um bom começo poderia ser copiar a reforma educacional
aprovada no México dois dias antes da lei brasileira. Por lá, todos os
professores passarão por uma avaliação nacional. Novos professores terão duas
chances para serem aprovados; os atuais, três. Caso contrário, serão demitidos
e substituídos.
Mais recursos deveriam permitir valorizar a função dos
professores, aumentar salários e oferecer melhor infraestrutura escolar e
treinamento. Porém, também precisamos medir e cobrar melhor desempenho dos professores
e dos alunos. Se queremos ser um país desenvolvido, temos que agir como tal.
Caso contrário, o Brasil desperdiçará mais esta chance. O
tempo urge. A janela de oportunidade do chamado bônus demográfico ̶ o período
em que a parcela da população em idade de trabalho cresce em relação à
população total – irá se fechar na próxima década. A partir daí, as condições
para o crescimento econômico serão mais adversas. Só maiores ganhos de
produtividade impediriam uma desaceleração do crescimento. Acelerar o
crescimento da produtividade no futuro requer melhor educação e maiores
investimentos em infraestrutura hoje.
Boa educação e infraestrutura eficiente não garantem o
sucesso de nenhum país – como mostram as crises nos países ricos nos últimos 5
anos. Mas sem elas não há desenvolvimento sustentável, como prova o medíocre
crescimento brasileiro nos 3 últimos anos. Infelizmente, se não fizermos a
lição de casa, corremos o risco de ficarmos velhos antes de ficarmos ricos.
Fonte: Administradores
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo participação!