sábado, 5 de outubro de 2013

Uma síndrome chamada “Quero ser Chefe”

Ser líder é muito mais do que ser chefe. Exige habilidades que não vão de encontro com o orgulho e a arrogância de alguns profissionais que insistem em pensar somente no bônus imaginário que esta função traz, sem tomar conhecimento do ônus, este sim, real, que o pacote traz consigo




Que atire a primeira pedra (ou o primeiro bloco de post-it) aquele que, no começo da carreira, não dizia aos quatro ventos que queria ser chefe. Chefe de quê, nem sabia ainda. O importante era ser “o chefe”, era “mandar”.

Implícitos à palavra “chefe” estão inúmeros significados, todos permeando a mente de forma generalizada, em uníssono. O entendimento geral é de que ser chefe é ser importante, é ser alguém. Soa sério, respeitoso, cheio de sucesso. É a colheita dos louros de seu trabalho, é chegar ao topo.

Muitos são aqueles que estão dispostos aos maiores sacrifícios para chegar à cadeira do comando de uma equipe, de um negócio, de uma empresa. Entretanto, enquanto este é só o sonho de um profissional, não há nada de mal, desde que ele desenvolva seu trabalho de forma competente e séria, buscando alcançar este objetivo, bem como que não espere que isso aconteça de forma efêmera. Um líder de verdade deve ser desenvolvido através de muito trabalho, dedicação, preparação e observação de boas práticas. Gerir é uma tarefa importante demais para ser concedida a profissionais imaturos e despreparados. Liderar é inspirar, é gerar no time a vontade de entregar-se ao trabalho com paixão, mirando objetivos a longo prazo. E, para isto, se requer preparo.

O grande problema é quando uma empresa decide comprar esta ideia e conceder o poder de gestão a alguém totalmente despreparado. E, por despreparado, entenda-se: imaturo, inexperiente, inapto, arrogante, prepotente, perigosamente ambicioso, entre outras características que devem passar longe de um líder de verdade.

Isto pode ser um desastre! Dotado de poder e de pouco (ou zero) preparo, um chefe novo pode destruir uma equipe. Desestimulá-la completamente e colocar por terra todos os esforços de seu antecessor no sentido de desenvolvê-la.

Por mais óbvio que seja, muitas empresas não percebem que o melhor Faturista pode não ser, necessariamente, o melhor Supervisor de Faturamento. Assim como o mais ágil Analista Financeiro pode não ser o profissional ideal para ocupar o recém-vago cargo de Supervisor de Tesouraria. Da mesma forma como o Vendedor mais influente pode não estar pronto para assumir a Gerência Regional de Vendas.

Mas por quê? Por qual motivo alguém não se sairia bem como “Chefe”:

A resposta a esta pergunta pode ser tão ampla quanto a carteira de clientes do Vendedor citado há pouco. Ou muito maior!

Muitas pessoas não têm aptidão para gerir outras pessoas. Alguns profissionais são executores. Ótimos naquilo que fazem, mas, repito, naquilo que fazem. Não saberão e não irão querer aprender a lidar com os diversos conflitos que surgem junto à tarefa de gestão. Muitas vezes o líder precisa ouvir detalhes pessoais da vida de seu time, aconselhar em escolhas cruciais para o futuro de suas carreiras, ser um Coach estratégico, fornecer suporte quase que ilimitado para que seu crescimento seja consistente.

Ao colocar alguém que não tem e não quer ter esta e tantas outras características fundamentais a um líder, mas que ambiciona ocupar o cargo somente pelo glamour ou pelo salário, a empresa está incorrendo em e um erro grave, muitas vezes irremediável. Isso por que ele tem o poder de culminar na perda de grandes profissionais, todos insatisfeitos com a nova (e de má qualidade) gestão.

Por isso é fundamental que todos os envolvidos avaliem cuidadosamente suas decisões antes de tomá-las. Como empresa, propor este desafio a alguém despreparado é um risco, muitas vezes, desnecessário. Como profissional, aceitá-lo pode ferir para sempre sua carreira, provocando traumas e conflitos indeléveis.

Se este é seu objetivo, o ideal é se preparar para quando a oportunidade chegar. E, tão importante quanto, é saber se a resposta deve ser um “sim” cheio de orgulho ou um “não” cheio de autoconhecimento.



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