domingo, 4 de agosto de 2013

Valor da empresa: uma questão de marketing

Maior resultado pontual não necessariamente significa uma organização melhor, mais sólida ou mesmo perene




Uma empresa deve ser gerida para maximizar resultado, certo? Errado. Primeiro porque “resultado” tem vários significados, diferentemente calculados e avaliados. Segundo porque maior resultado pontual não necessariamente significa uma organização melhor, mais sólida, mais viável, mais valorizada, mais desejada ou mesmo perene.

Toda empresa deve ser administrada para maximizar o seu valor, um conceito fácil de ser entendido se pensarmos nas vantagens daí decorrentes para efeito de busca de crédito, de poder de negociação mercantil e comercial, de atratividade e retenção de talentos, de transações societárias. Fato óbvio, quando lidamos com empresas de capital aberto, mas ignorado por empresas familiares que se enxergam como tendo por finalidade “servir à família”, sem definir o que isto significa, nem avaliar suas implicações.

Raras são as organizações familiares com a percepção de que sua gestão deve objetivar valorização e liquidez patrimonial. Qualquer deliberação de gestão deveria ser condicionada à avaliação positiva dos efeitos para com o valor e a vendabilidade do negócio.  Alto lá, dirá a maioria dos familiares, “minha empresa não está à venda, nem tenho a intenção de fazê-lo”!

Aqui cabem três contra argumentos: ao longo do tempo poderá haver mudança de opinião; fatores internos ou externos fora do controle ou da vontade dos acionistas poderão obrigar a venda da empresa; o andar da carruagem pode sugerir a futura abertura do capital o que na prática é uma venda parcial da companhia.

Similar à nossa casa na qual fazemos manutenção para mantê-la vendável mesmo sem a intenção de vendê-la, nosso objetivo deve ser manter nossas empresas valorizadas e com liquidez patrimonial. A consciência estratégica é que só poderemos vender o que alguém quer comprar e pelo preço que este está disposto a pagar. Quem dá as cartas nessa relação é o comprador!

Valor é uma variável mercadológica, baseada em percepção. Este é um dos desafios das empresas familiares: como fazer para que o patrimônio continue valorizado, produtivo e passível de ser vendido. Requer ações proativas e de tecnicidade societária e gerencial, cuja ausência é responsável pela maioria de histórias trágicas ao invés das histórias mágicas.

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