Com tantas obrigações tributárias de caráter fiscalizatório,
há muito tempo as empresas têm presumida pelo fisco sua condição de sonegadoras
Coincidência ou não, em meio ao chamado clamor das ruas,
voltou a ser alvo de debates na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) o Projeto
de Lei 99/2009, do senador Cristovam Buarque (PDT-DF). De acordo com o PLS, as declarações de
Imposto de Renda da Pessoa Física dos integrantes do Poder Legislativo, chefes
do Executivo, ministros, bem como os membros do Judiciário e ordenadores de
despesas em todos os órgãos da administração pública, obrigatoriamente deverão
ser analisadas pelo critério “malha fina”.
A favor do Projeto argumenta-se que o monitoramento
constante da variação patrimonial e da renda das autoridades públicas poderia
antecipar a descoberta de muitas irregularidades. Uma argumentação bastante
razoável, convenhamos. Pesa contra o PLS, porém, parecer aprovado
pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), em abril de 2010,
assinado pelo senador Francisco Dornelles (PP-RJ).
Segundo o parlamentar – que já foi ministro da Fazenda - o
projeto “está inquinado de vício irremovível”, pois considera os agentes
públicos suspeitos a priori, configurando com isto uma situação de “indevido
tratamento discriminatório”. Seria ainda uma afronta à própria Constituição
Federal, que proíbe o tratamento desigual entre contribuintes em situação
equivalente.
Já o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), em relatório
recém-apresentado à CAE, tenta fortalecer o Projeto alegando que “a proposição
não parte do princípio de que todo ocupante de mandato eletivo seja um infrator
em potencial, mas sim da tese de que todo cidadão imbuído de tamanha
responsabilidade deveria se submeter a rigores maiores por parte da
fiscalização.
Enquanto isso, no Brasil produtivo, as empresas submetem-se
diariamente a cerca de 1.500 declarações, demonstrações, livros, notas fiscais
eletrônicas e outras exigências das administrações tributárias de União,
Estados e municípios. Na prática, isso
significa que todas são monitoradas dia e noite pelo Fisco. Certamente, vale a pergunta: se 8 milhões de
empreendedores já estão sob o olhar atento do Big Brother Fiscal, por qual
razão deveríamos excluir os agentes públicos desse monitoramento?
Com tantas obrigações tributárias de caráter fiscalizatório,
há muito tempo as empresas têm presumida pelo fisco sua condição de
sonegadoras. Então, por que não propor o fim de tanta burocracia
tributária? Pelo menos as micro e
pequenas bem que poderiam ser poupadas de boa parte das muitas obrigações
acessórias que hoje têm pela frente.
Além disso, toda essa complicação representa um dos mais
antigos entraves ao desenvolvimento do empreendedorismo e, por conseguinte, do
próprio progresso de um país como o nosso, que urgentemente precisa voltar a
crescer.
Fonte: Administradores
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