A ousadia que fez de Jeff Bezos um empreendedor respeitado
no mundo do e-commerce depende muito dos seus modelos mentais previamente
estabelecidos. Não basta ter talento nem se preparar para isso. Um pouco de
ousadia e sorte são necessários para prosperar.
Jeff Bezos, o fundador da Amazon, é um ano mais novo do que
eu e, por várias razões, alguns bilhões de dólares no separam. Bezos era
considerado uma criança inteligente. Eu também. Quando pequeno, ele levou uma
chave de fenda para o quarto e desmontou o berço. Eu cansei de fazer isso com
gaiolas de passarinho, toca-discos e rádios que meu pai mantinha no velho paiol
nos fundos de casa.
Em 1986, depois de se formar em engenharia elétrica e
ciência da computação, em Princeton, Bezos foi trabalhar na Fitel, uma start up
de tecnologia de ponta em Nova York, onde construiu uma rede de computadores para
comunicações financeiras.
Depois da Fitel, Bezos entrou para o Bankers Trust onde
tornou-se o mais jovem vice-presidente daquela instituição financeira, em 1990.
Dois anos depois, passou para a D.E. Shaw & Co. onde tornou-se também o
vice-presidente.
Certo dia, navegando pela Internet, Bezos leu a seguinte
notícia: “De acordo com as estatísticas de consumo, a Internet seguia crescendo
à razão de 2300% ao ano”. Assim, surgiu o trabalho que o revelou para o mundo.
Ele percebeu que o comércio eletrônico era a próxima sensação da economia
mundial.
Na mesma época, eu era muito feliz trabalhando na maior
cervejaria do Brasil como assistente de pesquisa. Na minha condição, não podia
escolher muito e, trabalhar numa empresa como a Brahma era privilégio para poucos.
Eu tinha salário fixo, plano de saúde, refeição e, acima de tudo, crachá. Isso
dava uma dignidade que você não faz ideia.
Logo depois, Bezos demitiu-se do emprego e mudou-se para
Seattle com uma ideia fixa na cabeça: “Vou mudar a economia do mundo”. Bezos
compilou uma lista de 20 produtos adequados para venda online, dentre os quais
estavam livros, CDs, revistas, software e hardware para computadores. Em
seguida, fez um refinamento e concentrou a atenção em dois itens: livros e
música.
Com mais de 1,3 milhão de livros publicados nos Estados
Unidos contra 300 mil títulos de músicas, Bezos preferiu concentrar o foco nos
livros e, em termos de futuro, as grandes editoras pareciam menos ameaçadoras
do que as gravadoras. Começar com mais de um milhão de títulos é deveras ousado
para qualquer um na web.
Com essa quantidade astronômica de livros, o nome da empresa
surgiu da inspiração em relação ao rio mais caudaloso do mundo, o Amazonas. Em
julho de 1995, a Amazon abriu as portas virtuais com a missão de utilizar a
Internet para transformar a compra de livros em uma experiência mais rápida,
fácil e agradável possível.
Em 1986, eu entrei na faculdade para fazer o curso de
administração de empresas. No mesmo ano, o cometa Halley dava o ar da graça nos
céus do planeta, eu mudei de emprego, casei, meu primeiro filho nasceu e a
Challenger despedaçou-se no ar logo depois de decolar matando todos os seus
tripulantes.
Apesar de tudo, o que eu queria mesmo era ter um curso
superior numa faculdade de primeira e linha, além de me tornar um bom
empregado. Eu continuei firme no trabalho, na faculdade, no meio familiar. De
alguma forma, eu tinha de sobreviver. Nunca me disseram para ser empreendedor.
Na minha geração, emprego bom era aquele em que você podia
seguir até o dia da aposentadoria tal qual o do meu pai que encerrou a carreira
na mesma empresa depois de trinta e cinco anos de bons serviços prestados. Esse
era o modelo mental na época.
Em menos de vinte anos, a Amazon tornou-se um símbolo dos
fanáticos pela Internet. Em suma, nada mais é do que uma livraria virtual bem
administrada que, graças à ousadia do seu fundador, pode-se firmar como uma
força dominante do e-commerce mundial.
Na última semana, Bezos atraiu todos os holofotes ao
anunciar a compra do jornal 'Washington Post',um dos mais influentes do mundo,
por 250 milhões de dólares. Trata-se do negócio mais ousado e emblemático
fechado pelo empreendedor desde a criação da Amazon, em 1995.
Com a Amazon, Bezos revolucionou a maneira como as pessoas
compram produtos pela internet e também a sua maneira de ler livros, pois, em
muitos mercados, a empresa é a única responsável pela popularização dos
leitores digitais.
Na prática, Jeff Bezos teve coragem de tentar algo que a
grande maioria dos críticos da época combatiam, de fazer fortuna ao promover
seu negócio de Internet a limites quase inimagináveis. Porém, isso agora não
importa.
Sou fã de pessoas dessa natureza, não por ser norte-americano,
mas pelo fato de ter quebrado todos os paradigmas. Não basta ter talento,
preparação e oportunidade. Muitas pessoas conseguem as três variáveis, mas não
aproveitam a última em razão dos seus modelos mentais previamente
estabelecidos. Se isso é bom ou ruim, cada um sabe da sua dor e da renúncia.
Os meus modelos mentais mudaram muito nos últimos anos, por
meio de leitura, reflexão e convivência com vários empreendedores de sucesso,
outros nem tanto. O que importa mesmo não é o que lhe acontece, mas o que você
faz com o que lhe acontece. Por essa razão, não existe idade para se começar a
ser aquilo que você realmente gostaria de ser.
Pense nisso e empreenda mais e melhor!
Fonte: Administradores
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