São várias as definições existentes sobre os termos
eficiência, eficácia e efetividade, sendo que algumas são até conflitantes
entre si. Contudo, é possível chegar a um meio termo que traga maior nitidez ao
que venha a ser cada um desses termos
Um dos primeiros temas com os quais estudantes mantêm
contato num curso de Administração e profissionais vivenciam na condução de um
negócio, certamente, são os três Es (eficiência, eficácia e efetividade). Mas
afinal, o que são esses três Es e o que representam?
São várias as definições existentes sobre os termos
eficiência, eficácia e efetividade, sendo que algumas são até conflitantes
entre si. Contudo, é possível chegar a um meio termo que traga maior nitidez ao
que venha a ser cada um desses termos:
1. Eficiência →
trata-se de fazer as coisas da maneira certa, mais adequada. Quando pensamos
nessa palavra, logo surge uma expressão muito aplicada em Administração da
Produção e Pesquisa Operacional: otimização de resultados.
2. Eficácia →
refere-se a fazer a coisa certa, ou seja, é o grau de alcance de um determinado
objetivo.
3. Efetividade →
recorrente em tópicos de Estratégia Empresarial, esse termo se refere aos
benefícios advindos à organização das ações certas feitas da maneira certa,
resultando em ganho de competitividade de uma organização em face de seus
concorrentes.
E quanto à Administração Pública? Cabe a aplicação dos
termos supracitados? Sim. Aliás, a Administração Pública, na medida em que é o
aparelho exteriorizador da vontade estatal, não deve ignorar os pressupostos de
eficiência, eficácia e efetividade em sua tomada de decisões. Não esqueçamos
que o Estado é o resultado de um “contrato social”, segundo o qual o indivíduo
abdica de parte de sua liberdade em troca de segurança e bem-estar. Para tanto,
pagamos tributos com o propósito de o Estado viabilizar o interesse público por
meio da regulação das atividades sob o seu território e pela justiça
distributiva (provimento equitativo de educação, saúde, segurança, etc.).
Para facilitar o entendimento dos conceitos tratados até
aqui, consideremos um caso concreto na Administração Pública.
O estado do Rio de Janeiro é considerado um dos estados
brasileiros mais desenvolvidos economicamente. Porém, quando analisamos a
distribuição dessa riqueza de maneira mais pormenorizada, notamos discrepâncias
entre regiões do estado, entre municípios limítrofes e, até mesmo, entre
regiões de um determinado município, tal como ocorre na capital fluminense
entre Barra da Tijuca e Zona Sul e o subúrbio carioca.
A questão se agrava quando levamos em conta a elevada carga
tributária do estado, aliada à má prestação de diversos serviços públicos
essenciais, como transporte público, fornecimento de água e energia elétrica,
embora esses serviços estejam sob a execução de concessionários. Em vista
disso, a indústria local vê a sua capacidade de investimento comprometida pela
carga tributária imposta, que também reduz o poder de compra e a capacidade de
poupança da população.
Para completar, a educação no estado do Rio de Janeiro,
fator de desenvolvimento sustentável, encontra-se desvalorizada em face de
setores que apresentam gastos crescentes e resultados decrescentes, como a
segurança pública.
Atualmente, os professores da rede estadual e da rede
municipal daquela que será a cidade que sediará a final da próxima Copa do
Mundo e as próximas Olimpíadas ganham menos que um policial civil. Além disso,
faltam recursos para que professores possam cumprir com a sua nobre missão de
formar cidadãos e profissionais qualificados para conduzirem o estado e, por
conseguinte, o país ao tão almejado espetáculo do crescimento. Enquanto isso,
as polícias civil e militar dispõem de recursos avançados. No entanto, o que
vemos é agentes públicos da área de segurança agirem com truculência em relação
a cidadãos que exercem o seu direito de se manifestar de forma pacífica, ao
passo que demonstram certa apatia no combate ao tráfico de drogas, sobretudo o
crack, a ponto de existirem cracolândias em localidades sob intenso
policiamento, como a estação de trens Central do Brasil, Madureira e trechos da
Avenida Brasil.
À luz do exposto, conclui-se que o ente estatal em questão
carece de eficiência, eficácia e efetividade: falta eficiência, pois se gasta
muito com segurança pública e se produz pouco. Quanto à eficácia, a sensação de
insegurança só aumenta, assim como a especulação imobiliária, devido à euforia
trazida pelas Unidades de Polícia Pacificadora para compradores e vendedores de
imóveis nas regiões “pacificadas”. Tal fato fica evidente na evolução do preço
do metro quadrado de um imóvel nos últimos três anos em áreas como Botafogo,
Centro e Grande Tijuca. Por sua vez, a falta de valorização das carreiras
ligadas à educação, consubstanciada com a escassez de profissionais e recursos
em muitas escolas públicas, afetam a efetividade estatal em prover as bases de
um desenvolvimento econômico sustentável, capaz de perdurar após o exaurimento
das reservas de petróleo, que é uma das principais indústrias locais e a que
mais investe no estado.
Portanto, que os conceitos discutidos e o caso prático
sirvam como subsídio para a aprendizagem de nossos futuros administradores e
para o aperfeiçoamento dos profissionais ligados à gestão de negócios, além de
proporcionarem um exercício de reflexão para sociedade, empresas e governos
sobre a eficiência, eficácia e efetividade de políticas públicas vigentes.
Afinal de contas, o que nos diferencia dos demais seres vivos é a nossa
capacidade de pensar acerca de nossa existência e intervir sobre ela,
individualmente ou socialmente, valendo-se da razão ao invés da violência, que
é instintiva aos demais animais.
Um forte abraço a todos e fiquem com Deus!
Fonte: Administradores
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