Quando o assunto são erros e defeitos, não dá mais para ser
condescendente
É fundamental que os executivos adotem uma postura mais
pragmática com relação a erros, defeitos e não conformidades que costumam
ocorrer nas organizações. Tanto para garantir o bem-estar e a segurança de
clientes e colaboradores, quanto garantir bons resultados para a empresa.
Infelizmente, pensamentos equivocados e que geram, por sua vez, resultados
equivocados, ainda persistem. Mas, quando o assunto são erros e defeitos, não
dá mais para ser condescendente. A seguir, alguns desses pensamentos que ainda
vigoram em várias camadas dentro das empresas:
“É importante aprender com os erros”. Trata-se de um sábio
conselho, mas, melhor que aprender com os erros, é não cometê-los. Quando os
erros são esporádicos e não têm impacto grave sobre as organizações e sobre as
pessoas, até dá para tolerar. Mas, erros recorrentes e que põem em risco vidas,
grandes projetos corporativos (privados ou públicos), ou ainda a lucratividade
e a sobrevivência de uma organização, não devem ocorrer. Ao nos depararmos com
resultados muitas vezes catastróficos, percebemos que era óbvio que o risco
existia e podia ter sido evitado. Na maioria dos casos, inclusive, vemos que a
solução era simples, mas que ninguém teve ‘tempo’ de pensar e tomar medidas
preventivas.
“Isso nunca vai acontecer aqui”. O ser humano é otimista por
natureza. Não raro, elabora projetos sem fazer uma análise mais profunda dos
riscos envolvidos por falta de tempo para desenvolver um planejamento mais
robusto. Negligencia situações que eventualmente exigiriam um ‘plano B’. Esse,
talvez, seja o maior ‘pecado’ das organizações nos dias de hoje – não empregar tempo
suficiente para planejar e pensar mais profundamente durante a fase de
desenvolvimento dos produtos ou serviços. Em média, 75% das ‘não
conformidades’, ou defeitos, ou erros, acontecem na fase de planejamento ou
design de um produto, projeto, ou processo. Pior: 80% desses erros são
detectados na fase de implementação ou produção. Nos anos 70, os japoneses
identificaram esse problema e passaram a desenvolver seus projetos com maior
ênfase e mais recursos na fase de planejamento e design. Com isso, passaram a
ter projetos com menor quantidade de retrabalho e, consequentemente, menor
custo, menor Time to Market (tempo entre o planejamento e a disponibilização do
produto para venda), e melhor qualidade final.
“Errar é humano”. Nos negócios, muitas empresas preocupadas
com sua imagem, competitividade e sustentabilidade utilizam cada vez mais
estratégias e ferramentas de prevenção para diminuir a quantidade de erros e
defeitos nos seus produtos e serviços. Indústria aeroespacial, operações de
voo, indústria farmacêutica e hospitais são alguns dos segmentos que se
preocupam bastante com a redução de erros e defeitos. Exemplo de ferramenta
preventiva simples, mais efetiva, é o check list que alguns hospitais fazem
antes da cirurgia, já no centro cirúrgico, conferindo com o paciente seu nome,
a cirurgia a que será submetido, e todos os pormenores envolvidos. Tudo isso
para evitar erros clássicos, como operar um órgão saudável ou trocar os
pacientes. Nesse sentido, a automação – embora mais cara e complexa – é uma boa
ação de prevenção, sendo absolutamente justificável em grandes volumes de
produção ou processamento e em situações de extremo risco de segurança das
pessoas. Muito embora as máquinas também possam falhar, a falha humana é de
longe mais frequente.
“É melhor prevenir do que remediar”. O segredo para evitar
os erros é a prevenção. Existem várias formas de se fazer a prevenção de erros
e defeitos. Ainda tomando os japoneses como exemplo, eles criaram uma
estratégia para reduzir a incidência de erros. É o Poka Yokeru ou Poka Yoke,
que significa “à prova de erros”. A estratégia consiste em aplicar dispositivos
ou esquemas simples para: 1) tornar impossível a ocorrência de erros; 2)
corrigi-los assim que ocorram; 3) prevenir que os defeitos causados por erros de
projeto ou planejamento progridam para a produção ou distribuição. Sabemos que
defeitos identificados na fase de planejamento ou design custam até 100 vezes
menos para as empresas, do que quando identificados depois de produzidos ou nas
mãos do cliente. Essa constatação é importante para sinalizar que existe um
alto custo a se pagar por identificar, trocar ou retrabalhar tardiamente
produtos defeituosos. Erros nas áreas de serviços e atendimento são ainda mais
graves! Na maioria das vezes, não dá para retrabalhar nem trocar.
Vale a pena, então, uma avaliação honesta: Onde sua empresa
se encontra com relação à prevenção de erros e defeitos? O que você, como
líder, tem feito para sinalizar a necessidade de se reduzir erros, defeitos e
não conformidades em todas as atividades de sua organização?
Fonte: Administradores
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