sábado, 22 de abril de 2017

Os chefes estão intoxicando sua empresa?

Os estilos e as práticas de liderança têm sido temas de inúmeros debates e pesquisas, ao longo dos tempos. Neste artigo apresentamos as práticas e as angústias de líderes de diferentes organizações sociais.



Muito se debate sobre esta questão: qual a diferença entre um chefe e um líder? Vamos começar com a resposta curta: praticamente tudo! Vejamos agora os porquês.

Chefe é quem detém o poder de gestão sobre os negócios da empresa ou outra organização social. É quem decide o que será feito e como será feito – ou seja, ele tem a prerrogativa de mandar fazer do seu modo. Seu poder decorre da posição que ocupa na hierarquia organizacional.

Já o líder pode ou não ocupar posição de gestão na hierarquia organizacional. Ele também tem poder, mas este não decorre da posição que ocupa e, isto sim, do respeito que merece das pessoas de seu meio. O líder, com poder conferido pelo próprio grupo, é seguido – e assim tem maiores chances de atingir suas metas sem precisar distribuir ordens. As pessoas confiam nele e, por essa razão, fazem o que precisa ser feito. Executam porque ele pede; não porque ele ordena que seja feito de tal forma.

INSPIRAR: A ESSÊNCIA DA LIDERANÇA

Essa concepção de liderança pode ser observada em pessoas, empresas, marcas e afins… quer ver? Pense num produto pelo qual você paga ou pagaria mais para adquirir. Aquele que todo mundo quer. Agora pense numa marca ou pessoa (pois todo mundo é uma marca em potencial), seguido por todo mundo no Facebook. Esses produtos ou marcas são líderes de mercado. Ninguém o obriga a adquiri-los ou segui-los, mas você – e todo mundo – os compra e segue porque acredita neles, porque eles lhe proporcionam bem-estar.

Ser líder, portanto, é ter a capacidade de inspirar seguidores a realizar o que precisa ser realizado para que os objetivos sejam atingidos. Simples assim: sem sofrimento, sem raiva, sem aquele sentimento de fazer por obrigação.

Mas, se é tão simples e tão melhor ser um líder do que ser um chefe, porque alguns gestores agem como chefes e, assim mesmo, são mantidos nas organizações? Bem, as respostas mais ouvidas quando se faz essa pergunta são que ele ou ela “sabe o que ninguém mais sabe”; “consegue obter mais lucro para a empresa”; “não tem substituto à altura”. E, enquanto quem detém o poder máximo nas organizações pensar dessa forma, haverá rotatividade, ausências no trabalho e, pouco a pouco, é provável que ocorra queda nos negócios e nos lucros. Porque chefes intoxicam o ambiente e minam relações.

DIFERENTES PERFIS

Uma pesquisa sobre liderança que realizei por ocasião do meu mestrado trouxe alguns achados bem interessantes a respeito dos estilos praticados numa determinada região do Rio Grande do Sul. Entrevistei sete pessoas que estavam à frente de grupos de diferentes organizações: empresa, governo, instituição de ensino, sindicato, jovens voluntários, igreja e de uma associação de microempreendedores.

Foi interessante verificar que, quanto mais os empreendimentos liderados por essas sete pessoas estavam alinhados ao mundo empresarial (leia-se capitalista, neste caso), mais as decisões eram tomadas à revelia de seus subordinados. Notei, ao entrevistá-los, que todos tinham grande interesse em promover a participação coletiva – entretanto, em casos mais “estratégicos” ou que exigiam urgência, as decisões eram tomadas individualmente por eles mesmos.

De outro lado, os líderes de grupos mais alinhados com a filosofia do voluntariado ou do bem-estar coletivo – como o sindicato, a igreja, o grupo de jovens e a associação – procuravam ouvir mais seus pares antes da tomada de decisão. Infelizmente, segundo esses líderes, em diversas ocasiões eles se sentiam sós, pois a participação efetiva e o comprometimento esperado não aconteciam.

Em todas as entrevistas percebeu-se certa vontade dos líderes de comunicar os objetivos organizacionais a toda a equipe, bem como de conhecer os anseios pessoais dos liderados. Observou-se também que, em geral, os líderes preferem ouvir seus
liderados antes de tomar as decisões, preocupam-se com os problemas individuais e procuram oferecer às equipes um clima de confiança e reciprocidade. Os entrevistados declararam que, sempre que possível, os colaboradores são ouvidos e respeitados, e as atividades que realizam são valorizadas.

O DESAFIO DO ENGAJAMENTO

Cabe aqui uma reflexão à luz dos resultados dessa pesquisa: que atitudes os líderes que não conseguem obter o comprometimento efetivo de suas equipes poderiam tomar a fim de promover tal participação? Essa postura do líder poderia ser obtida através de maior valorização e reconhecimento da atuação de cada participante por meio de premiações ou divulgação pública.

Ao mesmo tempo, cabe questionar o sentimento desses líderes que se veem obrigados a assumir sozinhos a responsabilidade por decisões importantes. Será que não se sentem envaidecidos – e talvez se apresentem até mesmo com falsa modéstia perante a sociedade?

Se você é empresário ou dirige uma organização social, permita-se uma pausa para pensar no assunto. Analise o histórico de seu empreendimento e mude a rota, se necessário, para não perder seu lugar nesse espaço tão disputado. Se você busca um espaço no mercado de trabalho, preocupe-se em aprender mais sobre liderança, faça uma análise de seu perfil como líder e, se for preciso, mude a rota da sua vida.

Momento do ADM, Nara Müller - 22 de abril 2017.


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