domingo, 21 de junho de 2015

O poder do aqui e agora

A vida é um instante




A maioria das pessoas vive acorrentada ao passado, alimentando ilusões, projetando uma perspectiva de vida distorcida, insegura com o seu futuro, esquecendo-se de viver o hoje, o presente. O passado, como o próprio nome diz, já passou, já se foi e não pode mais voltar. Pensar no que não pode mais voltar nos faz experimentar um sentimento de frustração, o que é prejudicial ao presente e consequentemente ao futuro. O que se aproveita do passado são as lições, os ensinamentos, as experiências e as boas lembranças.

Uma pesquisa da Universidade de Lyon, na França, realizada no final do século XX, mostra que nós passamos 70% do nosso tempo vivendo do passado, com sentimentos de culpa ou de nostalgia. E a mesma pesquisa também mostra que passamos 25% do tempo vivendo o futuro, ou seja, um ano à frente, uma hora à frente, até um minuto à frente... Enfim, em algum lugar que não está sob nosso domínio, ou pelo menos ainda não. O futuro, portanto, não nos pertence, ele pertence à prospecção. Eu imagino e projeto que no futuro estarei de tal maneira. Vivemos o futuro com dois tipos de sentimento: o primeiro é o sentimento de ansiedade, medo desse futuro. Pessoas ansiosas vivem dizendo: “E se...”, ”eu não sou capaz”, “eu não vou conseguir”. O segundo sentimento, que pode tornar-se grave, é o devaneio, isto é, sonhar acordado.

Se considerarmos como verídicos os dados desta pesquisa, chegamos à conclusão de que se vive apenas 5% do nosso tempo no presente. E como somente vive verdadeiramente quem vive o presente, então, quem assim não faz está transformando sua vida em apenas um instante.

"Tudo a seu tempo certo, para tudo há um momento", falou o sábio Salomão. Não é necessário atropelar as coisas. Há tempo para plantar, tempo para colher o que foi plantando, tempo para chorar, tempo para sorrir, tempo para esperar, planejar e também para executar.

Hoje é o dia especial porque hoje é o único dia em que podemos viver e no qual podemos fazer toda a diferença. É neste dia que podemos intervir, decidir, alterar, transformar, crescer, mudar, enfim, tornar o mundo um lugar melhor para se viver.

Quem inicia a semana na esperança de que a sexta-feira esteja próxima, retorna das férias aguardado as próximas férias, inicia o seu trabalho pensando na aposentadoria ou inicia o seu dia aguardando o final do expediente, nunca chega a lugar algum porque está sempre saindo. Sai de casa para o trabalho. Sai do trabalho para casa. Sai do final de semana. Sai do feriado. Sai das férias. Sai, sempre sai, nunca chega. É também bem provável que saia da vida sem jamais ter vivido.

Por que temos tanto medo do presente?

Porque é no presente que temos que pensar, falar, ouvir, planejar, sentir, agir. O presente é atitude. É no presente que temos a parte concreta da vida, é no presente que “as coisas” acontecem. É no presente que criamos o passado e construímos o caminho para o futuro. O passado e o futuro são abstratos, estão presentes apenas em nossas mentes e corações.

Criamos expectativas e fantasias, e o momento presente é sempre novo, inesperado, e não se coaduna com essas fantasias. Queremos fazer com que a situação externa se adapte às nossas expectativas, ao invés de fazer o contrário: aceitar a situação externa, a realidade, como a verdade. A maioria das pessoas não vive assim. Elas planejam o dia de amanhã, e quando o dia chega e as coisas não acontecem da maneira que querem, elas perdem o controle, se irritam e passam a culpar as pessoas e situações ao seu redor por não estarem alinhadas com as suas expectativas.

Mas por termos a falsa impressão de controle sobre o passado e futuro, passamos a nos sentir confortáveis em fugir corriqueiramente para os seus domínios, abandonando o tempo presente, onde a vida acontece.

Neste início do séc. XXI começamos a sentir que tudo anda cada vez mais depressa, em grande parte devido às novas tecnologias e ao imenso volume de informações a que somos submetidos diariamente. As decisões têm de ser tomadas em cada vez menos tempo e as possibilidades de utilizar o tempo, por outro lado, multiplicam-se, resultando num ritmo de vida alucinante. E com medo de ficar à margem deste novo mundo, nos esforçamos para acompanhar este ritmo frenético.

O presente passa em alta velocidade diante dos nossos olhos e o que vemos e sentimos no nosso dia-a-dia é um conjunto de emoções, visto tal como uma paisagem da janela de um trem em movimento. Perdemos os detalhes da vida, tudo parece fora de foco, temos apenas alguns segundos para observar o mundo ao nosso redor, somos assombrados por pensamentos, medos, ansiedades e preocupações.

Com isso, passamos a viver um presente cada vez mais distante da própria realidade.

Com o presente sendo vivido por uma mistura de paisagens desfocadas e sendo o passado apenas a memória do presente, este passa a ser construído pelas mesmas imagens e sentimentos desfocados, começamos então a povoá-lo de sensações e acontecimentos que não sabemos bem o significado. Ao percebermos isso, inconscientemente começamos a retocar as partes borradas, dando às nossas lembranças outros significados e com isso maculando o passado.

E o futuro? Se o presente é cada vez mais efêmero, é porque estamos sempre com os olhos postos no futuro, queremos alcançá-lo o mais rapidamente possível. Na verdade pouco ou nada sabemos sobre o futuro, sendo uma grande ilusão pensar que podemos controlá-lo.

Como pudemos constatar, o presente está passando tão rápido que não estamos tendo tempo para planejar o futuro e controlar os fatores que possam influenciá-lo. O futuro, não raras vezes, se torna rapidamente o próximo momento presente devido à velocidade com que as coisas vêm acontecendo, e com isso estamos cada vez mais nos tornando mais reativos e menos proativos diante dele.

O Dalai Lama, em sua sabedoria, que é um misto de experiência de vida e dádiva divina diz que: "Só existem dois dias do ano sobre os quais nada pode ser feito. Um deles se chama ontem e o outro amanhã. Portanto, hoje é o dia certo para você amar, sonhar, ousar, produzir e, acima de tudo, acreditar...”.

Temos que entender que nossa mente é constituída basicamente de hábitos e condicionamentos. Mais de 95% do que pensamos durante o dia é igual ao que pensamos ontem, antes de ontem e assim por diante. A mente é condicionada pelos fatores externos ligados à família, sociedade e educação, criando assim modelos mentais.

Peter Senge, autor renomado do livro “A Quinta Disciplina”, diz que “os modelos mentais são pressupostos profundamente arraigados, generalizações, ilustrações, imagens ou histórias que influem na nossa maneira de compreender o mundo e nele agir”. Sendo assim, os modelos mentais de cada um definem como esta pessoa irá visualizar o que está ocorrendo ao seu redor, o que sentirá, pensará e, por fim, agirá.

No próprio Talmud* encontramos que “Não vemos as coisas como elas são. Vemos as coisas como nós somos”.

Tenho feito uma pesquisa informal com algumas pessoas ao meu redor para comprovar uma hipótese que tenho. Minha primeira pergunta é: o que você faria se soubesse que tem apenas mais três meses de vida?

Claro que obtive as mais diversas respostas, mas fazendo um resumo de todas elas, retirando a retórica e cortinas de fumaça, é possível dizer o que essencialmente todo mundo faria: “tudo o que pudesse para ser feliz”. Em outras palavras, aproveitaria a vida ao máximo, fazendo tudo aquilo que mais gostam. De certa forma, mudariam a maneira de encarar a vida, passando a dar mais valor às pequenas coisas, às pessoas queridas e deixando para trás regras tolas e algumas ideias pré-concebidas que trazemos dentro de nós.

Então, faço a segunda pergunta: O que está impedindo você de fazer tudo isso agora? Por que esperar por uma notícia ruim para somente depois tomar a atitude de resolver fazer as coisas que te deixam feliz?

Neste momento, os rostos das pessoas se transformam em alguma coisa que se assemelha a um grande ponto de interrogação. Um sorriso sem graça desponta em seus semblantes e, após um longo suspiro, uma desculpa esfarrapada qualquer é dada como resposta.

Não quero assustá-lo ou deixá-lo preocupado, mas a única certeza que realmente temos na vida é que um dia ela acaba. Pode ser hoje, enquanto você está dormindo ou daqui a cinquenta anos.

O que você está fazendo da sua vida?

A vida é mais do que estamos tirando dela. Acredito que a maioria das pessoas está apenas sobrevivendo à vida, fazendo dela uma jornada difícil e parecem brincar de pique-esconde** com a felicidade. Sentem falta do tempo em que tinham sonhos e esperança. Falta do tempo em que se atreviam a fazer planos para o futuro. Falta do tempo em que acreditavam em si mesmas, e que podiam vencer.

"O homem é do tamanho do seu sonho”, diria Fernando Pessoa, e sonhos se realizam somente no presente, não se realizam sonhos no passado ou futuro.

A vida é um instante, um instante que deve ser aproveitado hoje.

Pense nisso!

Suce$$o



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