sexta-feira, 12 de junho de 2015

Infelizes no trabalho por serem infelizes na vida ou o contrário?

Será que as pessoas que são primariamente infelizes na vida parecem ter menos chance de encontrar satisfação no trabalho? E mesmo quando encontram um trabalho altamente gratificante têm menos chance de disseminar a felicidade que ele gera pelo aspecto mais geral da vida da pessoa?




Já não é de hoje que muitos psicólogos procuram pelo segredo da felicidade no trabalho. E uma das perguntas que eles fazem é sobre o que vem primeiro: se as pessoas são infelizes no trabalho por serem infelizes na vida, ou são infelizes na vida por serem infelizes no trabalho?

Em busca de uma resposta, Nathan Bowling e seus colegas, da Wright State University, nos Estados Unidos, debruçaram-se sobre os resultados de 223 estudos científicos realizados durante 41 anos.

O trabalho consistiu em uma meta-análise de uma amostra selecionada das pesquisas científicas que já investigaram a relação entre a felicidade no trabalho e felicidade na vida como um todo. Eles contam que usaram os estudos que avaliaram estes fatores em dois momentos diferentes, para que pudessem entender melhor as relações causais entre a satisfação no trabalho e a satisfação com a vida.

Os resultados mostraram que o nexo causal entre o bem-estar subjetivo precedendo um maior nível de satisfação no trabalho é muito mais forte do que a ligação entre a satisfação no trabalho e os níveis subsequentes de bem-estar subjetivo. Ou seja, as pessoas que são primariamente infelizes na vida parecem ter menos chance de encontrar satisfação no trabalho. E mesmo um trabalho altamente gratificante tem menos chance de disseminar a felicidade que ele gera pelo aspecto mais geral da vida da pessoa.

Os resultados sugerem que se as pessoas são, ou estão predispostas a serem felizes e satisfeitas na vida em geral, então elas mais provavelmente serão felizes e satisfeitas no seu trabalho. No entanto, o revés desta descoberta pode ser que essas pessoas que estão insatisfeitas em geral e que buscam a felicidade através do seu trabalho poderão não encontrá-la. E mergulhar no trabalho também não as fará aumentar o seu nível atual de felicidade.

Recentemente, o site Diário da Saúde publicou que apesar de as pesquisas mostrarem que a felicidade é contagiante, o crescente interesse da ciência pela felicidade tem mostrado pouca relação entre o bem-estar global e as questões materiais. E por que isso acontece?

Porque terapia traz felicidade 32 vezes mais do que dinheiro, porque dinheiro só traz felicidade se comprar experiências, e não bens materiais; porque felicidade é ter o que você quer, querer o que você tem ou as duas coisas e porque o foco da felicidade deve estar nas pequenas questões diárias. Conclusão: dinheiro ajuda, mas não compra felicidade.

A felicidade e suas áreas de atuação

O livro Executivos – Sucesso e Infelicidade, dos pesquisadores Betania Tanure, Antonio Carvalho Neto e Juliana Oliveira Braga, mostra que 84% dos executivos das empresas brasileiras de modo geral estão infelizes.

Lendo os resultados da pesquisa, conclui-se que alguns setores, como o de telecomunicações, as empresas comerciais e os bancos, devem repensar urgentemente a qualidade de vida que vêm impondo a seus funcionários. Ninguém está tão insatisfeito com a própria saúde quanto os gestores do setor bancário. Os mais insatisfeitos com o elevado nível de cobranças por resultados na empresa são os gestores de companhias comerciais. No extremo oposto, os mais satisfeitos nessa área são os funcionários de serviços públicos.

Os mais insatisfeitos com a carga de trabalho são os executivos de telecoms. Os gestores de companhias comerciais declararam sempre ter, por conta da tensão, dor de cabeça ou dor nos músculos do pescoço e ombros, e muitos deles precisam tomar algum medicamento para dormir vez por outra. Entre os executivos que disseram sentir-se “muito estressados”, os que trabalham em bancos chamaram a atenção. Eles também se destacaram entre os que declararam que suas empresas passam por uma mudança radical. Já o adjetivo “infelizes” teve uso bem mais acentuado entre os profissionais de telecoms. É importante observar, contudo, que entre as empresas que têm feito algo para minimizar a tensão de seus executivos, os bancos aparecem em número significativamente maior que outros setores. Já as telecoms são maioria entre as que não fazem nada nesse sentido. Mas como saber o que vai acontecer em cada empresa quando entramos para trabalhar?

Jack Welch afirma que é quase impossível saber para onde o levará qualquer emprego específico. Ele diz que se você conhecer alguém que tenha seguido rigorosamente um plano de carreira, tente não se sentar ao seu lado num jantar, porque deve ser um chato. Contudo, ele ressalta que não podemos deixar tudo só por conta do destino. “Um bom emprego pode ser fonte de entusiasmo e dar significado à sua vida, assim como um mau emprego talvez o transforme em um morto vivo”. E como encontrar o emprego certo?

Welch sugere submeter-se ao mesmo processo interativo tortuoso, demorado e cheio de altos e baixos pelos quais passam quase todos os seres mortais que trabalham. “Você consegue um emprego, descobre o que lhe agrada e desagrada, as coisas em que é bom e é ruim, e com o tempo muda de emprego em busca de algo em que se encaixe melhor. E repete o processo, até que um dia percebe que está no emprego certo. Gosta de seu trabalho, e sabe que está fazendo escolhas e renúncias aceitáveis”.

Ele afirma que todos os empregos são um jogo que pode aumentar ou diminuir suas escolhas, e poucos empregos são perfeitos, mas que encontrar o emprego certo é perfeitamente possível. Como? Jack defende que a maioria dos empregos emitem sinais do grau em que são adequados às suas características ou não. Ele enfatiza que esses sinais, bons e maus, se aplicam a todos os cargos, em todos os níveis em uma organização. Portanto, é preciso estar preparado muito mais para escolher, do que para ser escolhido. Afinal, a maioria das pessoas é feliz, quando decide ser.



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