A promessa do governo foi de que haveria a oferta de serviços de Internet móvel de quarta geração (4G) a tempo para os eventos
Os estádios da Copa das Confederações estão na reta final de
preparação, apesar dos atrasos, mas quando a bola rolar, quem estiver lá dentro
pode ter dificuldades para se conectar à Internet e publicar fotos das novas
arenas nas redes sociais.
Ao escolher em 2007 o Brasil como sede da Copa do Mundo de
2014, a Fifa cobrou do governo brasileiro a garantia de um "serviço
exemplar" de telecomunicações, ciente da enorme demanda por conexão de
dados por parte tanto dos torcedores como da mídia.
A promessa do governo foi de que haveria a oferta de
serviços de Internet móvel de quarta geração (4G) a tempo para os eventos.
Mas, a pouco mais de dois meses do início da Copa das
Confederações, evento-teste para o Mundial que acontecerá em seis cidades de 15
a 30 de junho, o país ainda não possui uma oferta consistente de 4G nem mesmo
para os clientes regulares das operadoras de telefonia móvel e ainda apresenta
problemas na qualidade dos serviços nas redes atuais.
"A única coisa que podemos fazer é acreditar no que o
governo diz, que haverá tecnologia 4G. Temos de ter paciência", disse o
diretor de comunicação da Fifa, Walter de Gregorio, durante encontro com
correspondentes da mídia estrangeira no Rio de Janeiro, esta semana.
A Fifa, que repetidamente tem cobrado do Brasil nos últimos
anos que acelere o ritmo dos preparativos - com destaque para a polêmica frase
do "chute no traseiro" dita pelo secretário-geral da entidade, Jérôme
Valcke, em março de 2012 - está preocupada com um possível "black-out"
das comunicações.
Com mais de 4 mil jornalistas credenciados para a Copa das
Confederações e estádios lotados, há a expectativa de uma enorme demanda por
capacidade de rede, especialmente com as presenças no torneio da atual campeã
mundial e da Europa, Espanha, e da tetracampeã mundial Itália, além da própria
seleção brasileira.
Transmitir informações e imagens com máxima velocidade de
dentro dos estádios é fundamental para veículos de mídia em tempo real, e um
eventual colapso nas conexões resultaria num problema de grande repercussão
para os organizadores do evento.
"Não posso imaginar um cenário em que os jornalistas
não possam transmitir suas reportagens, é impensável um black-out desse
tipo", afirmou o diretor de comunicação da Fifa.
A tecnologia 4G permite acesso à Internet móvel a
velocidades bastante superiores às atuais disponíveis no país. A primeira
licitação da frequência utilizada para esses serviços aconteceu em meados de
2012, com exigência para funcionamento a partir deste mês nas cidades-sede da
Copa das Confederações.
No entanto, as operadoras apontam a falta de regras claras
gerais para instalação de antenas como um dos principais problemas, enquanto a
Lei Geral das Antenas, projeto destinado a facilitar a instalação e
compartilhamento de antenas de telefonia, circula no Congresso desde 2012 e
ainda não foi aprovada em caráter definitivo.
Relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou, em
fevereiro, que a Anatel "enfrentará dificuldades em implementar
tempestivamente a parte que lhe cabe do compromisso assumido pelo Brasil de
apresentar uma moderna estrutura de telecomunicações", diante da
complexidade das contratações necessárias para a execução dos projetos
previstos.
Na sexta-feira, o secretário-geral da Fifa alertou que
"nem todos os aspectos operacionais estarão a 100 por cento" na Copa
das Confederações devido aos atrasos na entrega dos estádios.
Problemas jurídicos e ambientais
O governo garante que a infraestrutura de telecomunicações
nos estádios estará pronta para os eventos.
"Estou tranquilo porque, no caso da Telebrás os
investimentos quase todos já foram feitos e, no caso das empresas de
telecomunicações, elas tiveram um pouco mais de demora por conta da liberação
dos estádios, mas são empresas que têm facilidade de investir", disse o
ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, nesta terça-feira, após participar
de audiência pública no Senado.
Mas o governo não esperava tantos problemas jurídicos e
ambientais para instalar a infraestrutura, em especial as antenas necessárias para
a implementação do 4G, o que provocou atrasos no processo, de acordo com uma
fonte do governo ouvida pela Reuters.
Dentro dos estádios e centros de mídia, as autoridades
"têm segurança de que não haverá problemas com a transmissão dos jogos e
para quem usar a tecnologia 4G", o problema será o restante do atendimento
para os demais usuários ou para quem estará trabalhando na Copa fora dessas
áreas, acrescentou a fonte, que falou sob condição de anonimato.
As Forças Armadas, por exemplo, contrataram um sistema de
antenas próprio para usar durante a Copa das Confederações já prevendo que pode
haver problemas com o tráfego de dados durante o evento, afirmou a fonte.
Segundo o ministro, serão instaladas antenas fixas nos
estádios a serem compartilhadas entre as operadoras, com sinal para 2G, 3G e
4G. Mas os atrasos nas obras de algumas arenas, que deveriam ter ficado prontas
até dezembro mas serão concluídas apenas este mês, também podem atrapalhar.
"Fiquei sabendo de uma coisa que era novidade para
mim... que tem uma data que não sei qual é que tem de cessar todos os
trabalhos", disse o ministro.
A Fifa estabeleceu o dia 24 de maio como início do período
de uso exclusivo dos estádios pela federação e o Comitê Organizador Local (COL)
para montar os preparativos para a Copa das Confederações.
Dos seis estádios que serão utilizados no torneio, apenas o
Mineirão (Belo Horizonte) e a Arena Castelão (Fortaleza) ficaram prontos dentro
do prazo original, dezembro de 2012. A Arena Fonte Nova (Salvador) foi inaugurada
na sexta-feira, e os estádios de Brasília, Recife e Rio de Janeiro têm previsão
de conclusão neste mês.
Fonte: Administradores.com.br
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