O comportamento dos consumidores on-line está sendo refletido em ações de marketing efetivas, que o fazem ir ao supermercado, pegar o produto na gôndola e ir para o check-out? Não? Então, desculpe-me, pois se nenhum ponteiro mexeu, o que acabou de acontecer foi o desperdício do investimento de marketing
As chamadas redes sociais digitais fazem parte de uma nova
revolução que impacta nossas relações com as pessoas e com as marcas, segundo
classificam alguns pensadores contemporâneos. A exemplo do que foi o surgimento
da escrita e da imprensa, a revolução industrial ou a revolução francesa,
enxerga-se esse fenômeno da web e seus desdobramentos digitais como uma grande
transformação.
Nesse sentido, as novas plataformas digitais colocam o
consumidor não mais como um mero receptor do clássico processo de comunicação,
mas sim como protagonista, cada vez mais cético, exigente e menos leal às
marcas. Há alguns anos, as ações do chamado processo de comunicação integrada
de marketing eram mensuradas apenas por meio de variáveis como volume de
vendas, ganhos de market share ou a pré-disposição de um consumidor comprar o
detergente A, B ou C. Agora novas métricas residem nas cabeças dos executivos
de marketing, dos consultores e dos profissionais de agências. Inéditos desafios
são colocados nos briefings como ambições de uma campanha de marketing: quantos
“curtir” (ou “likes”) no Facebook essa ação busca gerar? Quantos views no
YouTube se pretende conseguir? Ou então, quantos seguidores esperamos
conquistar com essa promoção no Twitter?
Mas será que o caminho é por aí? Na incessante busca de
likes, views, followers e fans as marcas são capazes de tudo. De tudo! Por
exemplo, uma das formas mais frequentes de se tentar magnetizar usuários nas
redes sociais, sobretudo no Facebook, é publicar conteúdos aleatórios,
engraçadinhos e com alta capacidade de disseminação (e que na maioria das vezes
não evidencia claramente nenhum elemento único da marca, e sim da categoria) e
escrevem algo do tipo: "quem gostou, curte; e quem curtiu, compartilha,
blá, blá, blá". Marcas de cervejas têm feito muito isso: "Hoje é
sexta-feira, quem está feliz, curte aê". E dessa forma, o número de likes
cresce, e é super legal contar isso pro chefe. Todos ficam felizes! Até mesmo o
Mark Zuckerberg (mesmo porque boa parte dessas publicação são pagas).
Mas o fato é que pega muito bem mostrar para o chefe que
determinada ação no Facebook gerou mais de mil dedinhos para cima curtindo
aquilo. Ou então gerou mais de 500 seguidores ou 350 retweets. Mas a pergunta
é: Esse comportamento on-line está sendo refletido em ações de marketing
efetivas, que fazem o consumidor ir ao supermercado, pegar o produto na gôndola
e ir para o check-out? Não? Então, desculpe-me, pois se nenhum ponteiro mexeu,
o que acabou de acontecer foi o desperdício do investimento de marketing. Em
alguns momentos, vejo marcas agindo até como verdadeiras mercenárias,
oferecendo participação em sorteios ou envio de brindes simbólicos como uma
espécie de recompensa ao usuário que curtiu determinada coisa. Oras, não é por
aí que as coisas funcionam.
A ação deve ser relevante, interessante e que produza
conteúdo de verdade para receber a recompensa de ser curtida automaticamente.
Seja no universo online, seja no offline. Acho que a maioria das empresas não
sabem, ou fingem que não sabem, que esse tipo de ação não constrói marca de
forma clara e consistente na mente do consumidor. Na verdade se constrói marca
sim, mas para o líder de categoria. E os gordos orçamentos de marketing dos
anunciantes são incinerados despudoradamente. Outra estratégia adotada de forma
recorrente é o uso de verbos conjugados no imperativo para arrebanhar fans,
como as marcas de bens de consumo fazem em suas embalagens, com o uso de
"CURTA BIS", "SIGA TRIDENT". Oras, Brand Managers, sejam
mais relevantes nas redes sociais que eu, fatalmente, irei curtir suas marcas.
Não é necessário usar verbos no imperativo. Mesmo porque eu curto se eu quiser,
tudo bem?
Devemos analisar as redes sociais como meras plataformas
mercadológicas onde as marcas criam, nada mais nada menos, do que mais um ponto
de contato com seus consumidores e demais públicos de interesse. A partir do
momento que uma empresa decide criar um fanpage ou um perfil no Twitter ela
precisa estar ciente e preparada que está abrindo a guarda, pois ela acaba de
deixar escancarada uma porta digital, ou seja, um porta mais online, mais
nevrálgica, mais exposta e mais mensurável. Ela acaba de criar um “touch-point”
tão importante quanto o seu 0800, tão importante quanto o balcão de sua loja ou
um anúncio publicitário, e até mesmo tão importante como a forma que se
relaciona com um fornecedor. Afinal, tudo comunica a marca. Quer expor sua
marca nas redes sociais? A receita de bolo é: prepare-se, planeje-se, crie um
processo, atue de forma relevante e muito, mas muito criteriosa. Contrate um
nerd. Outra dica é se capacitar. Tenho sempre em vista essa inquietação quando
dou uma aula ou simplesmente troco ideias com alunos e especialistas. Enfim,
quem concorda comigo, curte. Quem discorda, comente. E quem não achou nada,
compartilhe.
Fonte: Administradores.com.br
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