O Facebook dará nesta quinta-feira um passo importante para
aprofundar suas raízes no terreno da mobilidade. A rede social prometeu revelar
às 14h (horário de Brasília) “sua nova casa no Android”, expressão elíptica que
apenas sugere o real produto: segundo analistas e fontes da imprensa, trata-se
de um aparelho celular com sistema operacional Android modificado que terá a
rede social como estrela. Ou seja, uma espécie de “telefone do Facebook”.
Rumores sobre um telefone com a marca do Facebook remontam a
2010, repetindo-se em sites especializados desde então — e prontamente negados
pela rede social. Quase todas as notícias diziam que o smartphone seria
fabricado pela HTC. Parece que, pelo menos nisso, os boatos tinham razão: duas
fontes (uma delas funcionária do Facebook) confirmaram ao “New York Times” que
a taiwanesa será a fabricante do aparelho. A asiática tem laços estreitos com a
empresa de Zuckerberg, tendo lançado dois celulares — o HTC ChaCha e o HTC
Salsa — com botão fixo de acesso à rede social.
Mas observadores das indústria esperam que o novo smartphone
proporcione integração muito mais profunda. Brian Blau, diretor da área de
tecnologia de consumo da firma de pesquisas global Gartner, prevê que a versão
modificada do Android trará embarcados os vários aplicativos móveis já criados
pelo Facebook (Messenger, Camera, Poke etc.). A câmera do celular, por exemplo,
poderá estar diretamente integrada ao app da rede social para compartilhamento
instantâneo das fotos. De acordo com o “NYT”, o feed de notícias do usuário no
Facebook aparecerá assim que o telefone for ligado. Especula-se também que o
sistema Android modificado se chamará “Home”.
— A base de usuários do Facebook está rapidamente se
transferindo do desktop para o smartphone. Mais da metade dos membros já acessa
a rede por meio de celulares. O Facebook sabe disso, e está tentando
transformar a experiência móvel em seu produto principal — disse ao GLOBO, por
telefone, Blau, que estará no evento do Facebook na quarta-feira.
Especificações não muito avançadas
Blau acredita que o aparelho que deve ser lançado será o
primeiro de muitos que o Facebook planeja colocar no mercado.
— Os rumores indicam que o aparelho da HTC não terá
especificações das mais avançadas. Como há muitas fabricantes Android no mundo,
a rede social deve ser parceira de outras companhias e lançar novos aparelhos
no futuro — afirma o analista, que não crê que o Facebook cogite fabricar ela
própria os celulares: — Zuckerberg já disse diversas vez que sua empresa está
focada em software, não em hardware. Acho que isso não mudou.
O site Upcoming View revelou no mês passado as
especificações de um aparelho HTC chamado Myst, que seria o do Facebook. Esse
celular teria tela de 4,3 polegadas (o iPhone 5 tem quatro polegadas), câmera
de 5MP (a do iPhone 5 é 8MP), 1 GB de memória RAM (o novo Galaxy S4 tem o
dobro). Outros sites informaram na terça-feira que o telefone será chamado HTC
First, seá parecido com o iPhone e virá em várias cores.
Estratégia de fortalecimento de marca
O anúncio desta quarta acontecerá justamente no momento em
que a empresa tenta provar que é capaz de gerar receita publicitária em
celulares, onde as dimensões reduzidas da tela dificultam a veiculação de anúncios.
Mas para Paulo Schiavon, diretor da agência de publicidade digital Enken, um
smartphone centrado do Facebook não representaria incremento no faturamento com
anúncios móveis:
— O anunciante não quer saber em qual aparelho o Facebook
está sendo acessado. O que um lançamento desses proporcionaria é um reforço
importante na marca, como aconteceu com a Google depois do lançamento do Nexus
4 (fabricado pela LG).
Mas um celular do Facebook teria apelo junto aos
consumidores? Para Brian Blau, da Gartner, “não há qualquer evidência de que os
usuários do Facebook desejem um telefone criado pela rede social.”
— Mas isso não significa que o aparelho não possa ser útil
para uma parcela dos consumidores. Será um desafio para a empresa convencê-los
disso — avaliou o analista da Gartner.
Segundo o “NYT”, antes será difícil convencer as operadoras
a promover e subsidiar o telefone, pvisto que smartphones da HTC não têm tido
bons resultados no mercado americano. Quanto ao Brasil paira outra dúvida: como
o aparelho será lançado por aqui se a HTC parou de vender produtos no país no
ano passado?
Fonte: O Globo
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