Viajar é um ótimo programa para descansar a cabeça, mas
cuidado com as compras. Elas podem comprometer o orçamento nos meses seguintes
São Paulo - Viajar é sempre excelente. Ter um tempo para
fugir do cotidiano, descansar e repensar a vida é essencial para a manutenção
do bem-estar. Mas existem custos envolvidos nesse processo — e eles são bastante
elevados. Até mesmo em uma visita a um país vizinho com custo de vida mais
baixo, como Argentina ou Uruguai, há despesas que podem desequilibrar seu
orçamento no restante do ano.
Uma passagem de ida de São Paulo a Buenos Aires, por
exemplo, fica na faixa de 650 reais se agendada com antecedência. Além do
bilhete aéreo, ainda há que pensar em hospedagem, alimentação, transporte e,
claro, nas compras — que representam os gastos mais relevantes para efeito do
reajuste no orçamento pós-viagem.
Em função das compras, os momentos de prazer acabam antes
mesmo da aterrissagem do avião, já no preenchimento da declaração de bagagem.
Se o turista não declarar as compras e for barrado pela alfândega, terá um
custo alto, que pode dobrar o valor pago nas aquisições. Ainda assim, muitos
preferem assumir o risco.
As compras, muitas vezes, não têm um motivo definido. Os
preços no exterior, que chegam a ser consideravelmente inferiores àqueles
praticados no Brasil, fazem com que o consumidor adquira desde bugigangas até
enxovais, vestidos de noiva, smartphones e notebooks de última geração.
Além do chamariz dos preços, o turista sente o impacto do
chamado efeito manada. Tendemos a seguir o comportamento alheio. É isso que
explica nossa preferência por entrar em restaurantes com bastante gente
("todo mundo vai lá"). Há estudos que mostram que o efeito manada até
alivia nossa culpa pelos gastos excessivos que fizemos em compras no exterior.
Afinal, como sabemos, nessas viagens “todo mundo acaba gastando mesmo”.
Por um lado, o efeito manada o empurra para modernizar seus
aparelhos eletrônicos, seu guarda-roupa e até sua casa. Por outro, a chance de
desfrutar do modelo mais moderno, por um preço significativamente inferior,
parece irresistível.
Essas duas forças, combinadas, são como quatro mãos. Duas
delas primeiro guardam as compras bem escondidas na bagagem. As outras duas se
unem e rezam para passar sem problemas pela aduana.
Ainda que você passe ileso pela alfândega, terá de ajustar
seu orçamento nos meses seguintes à viagem. Por isso, planeje as compras ou
então separe uma grana para consumir sem peso na consciência.
Samy Dana é professor da Escola de Economia de São Paulo da
Fundação Getulio Vargas, Ph.D. em administração e negócios e autor dos livros
10x sem juros, em coautoria com Marcos Cordeiro Pires, e Como passar de devedor
para Investidor, com Fabio Sousa
Fonte: Exame
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