Além de oferecer a oportunidade de aplicação do conhecimento
acadêmico no mundo real, coloca o futuro profissional em contato com diferentes
realidades culturais
O estágio é uma atividade de cunho educativo e complementar
ao ensino formal para a integração do estudante no ambiente profissional. Além
de oferecer a oportunidade de aplicação do conhecimento acadêmico no mundo
real, coloca o futuro profissional em contato com diferentes realidades
culturais, e também contribui para sua iniciação na rede de relacionamentos
profissionais.
Os primeiros exemplos recebidos no universo profissional
deixam marcas profundas para o restante da nossa trajetória. São um imprinting
cultural, termo cunhado pelo cientista austríaco prêmio Nobel 1973 de Medicina,
Konrad Lorenz, para designar a tendência intrínseca dos filhotes ao nascer, qual
seja a de seguir o primeiro ser em movimento como fosse sua mãe.
Dedicado ao estudo do comportamento instintivo, Lorenz fez
inicialmente experimentos com gansos. Mais tarde passou a estudar o ser humano
demonstrando a importância das primeiras impressões do ambiente. Como o bebê
passarinho ao sair do ovo, o estagiário também segue o primeiro ser vivo que
passar diante de seus olhos.
Segundo o célebre filósofo francês Edgar Morin, o imprinting
cultural marca os seres humanos desde o nascimento: primeiro com o selo da
cultura familiar, em seguida com o selo da escola, e depois prossegue na
universidade e na vida profissional.
Recém-ingresso no ambiente corporativo, o primeiro contato
do estagiário é com profissionais aculturados à empresa. O choque entre o
conhecimento acadêmico e a cultura de um meio profissional bastante
solidificado é inevitável, e provoca um misto de surpresas, indagações e,
depois, de reflexões.
Sob o efeito do imprinting o estagiário reproduz o
comportamento dos profissionais mais próximos dele na ânsia de ser aceito e
efetivado na organização e visando a uma carreira futura. Mas quão benéfico
pode ser esse imprinting? Será que esse estagiário representará a pretendida
oxigenação de que toda empresa precisa? O bom-senso recomenda que, uma vez
instalado na empresa, no ambiente propício, esse jovem capital humano seja
estimulado e direcionado para a inovação.
Bom seria se esse processo começasse na universidade com o
que o mundo corporativo chama de coaching, algo que supera a prática atual
acadêmica de aprovação de relatórios finais de estágio com diálogo e
acompanhamento das experiências dos jovens, para ajudá-los a filtrar o lado
negativo do imprinting.
Conversas regulares podem ser importantes para o aluno mais
tarde evitar a reprodução de modelos viciados de comportamento. Todo esforço
vale à pena para que se preserve a chama da reflexão e da inovação nas novas
gerações de profissionais.
Ao cuidar de um jovem em formação como de um filho,
monitorando a aplicação dos conceitos aprendidos nos bancos da universidade e
incentivando na empresa a atitude e o trabalho colaborativo que se espera de um
profissional bem formado, escolas e empresas dariam inestimável contribuição à
sociedade e à Nação. A de entregar um profissional para o futuro, livre para
criar e inovar.
Fonte: Administradores
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