Cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos é perdido ou
desperdiçado a cada ano, de acordo com a agência de alimentos da ONU
CIDADE DO VATICANO, 5 Jun (Reuters) - O papa Francisco
denunciou nesta quarta-feira o que chamou de "cultura do desperdício"
em um mundo cada vez mais consumista, e disse que jogar fora comida boa é como
roubar dos pobres.
"Nossos avós costumavam ter como princípio não jogar
fora os restos de comida. O consumismo nos habituou a desperdiçar comida
diariamente e somos incapazes de ver o seu valor real", disse Francisco em
sua audiência semanal na Praça de São Pedro.
"Jogar comida fora é como roubar da mesa dos que são
pobres e têm fome", disse ele.
Desde que assumiu o cargo, em março, o papa diz querer que a
Igreja Católica Romana, com 1,2 bilhão de fiéis, defenda os pobres e atue ela
própria com mais austeridade. Ele também fez vários pedidos em prol de uma
reforma financeira global.
Cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos, ou um terço
do que é produzido para consumo humano, é perdido ou desperdiçado a cada ano,
de acordo com a agência de alimentos da Organização das Nações Unidas (ONU).
No mundo industrializado a maior parte do desperdício é dos
consumidores, em geral porque eles compram muito e têm de jogar fora o que não
conseguem comer.
Um estudo apoiado pela ONU e divulgado nesta quarta-feira
informa que medidas simples, como melhor armazenamento e redução das porções de
grandes proporções, poderiam reduzir drasticamente a grande quantidade de
comida que vai para o lixo.
Nos restaurantes norte-americanos, por exemplo, os clientes
desperdiçam 9 por cento das refeições, em parte por causa de uma tendência de
aumentar o tamanho de tudo, de cheeseburgers a refrigerantes, segundo o
relatório do Instituto de Recursos Mundiais e do Programa Ambiental da ONU.
Francisco afirmou que a "cultura do desperdício" é
especialmente deplorável por causa da prevalência da fome no mundo. A ONU
estima que a fome afete cerca de 870 milhões de pessoas e que 2 bilhões sofrem
de pelo menos uma deficiência nutricional.
O pontífice de origem argentina advertiu que muito foco no
dinheiro e materialismo significa que as baixas do mercado financeiro são
vistas como tragédias, enquanto o sofrimento humano se tornou normal e
ignorado.
"Dessa forma, as pessoas são descartadas como se fossem
lixo", disse ele.
(Reportagem de Catherine Hornby na Cidade do Vaticano,
Alister Doyle em Oslo, Terrence Edwards em Ulan Bator, Deborah Zabarenko em
Washington)
Fonte: Administradores
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