O presidente da Booz & Company do Brasil comenta o
déficit de mulheres em posições de chefia no Brasil
São Paulo - Um estudo da consultoria Booz & Company
comparou as políticas de incentivo à entrada das mulheres no mercado de
trabalho em 128 países. O Brasil ficou com a 46ª posição. O presidente da Booz
& Company do Brasil, Ivan de Souza, comentou esses resultados .
Quais os principais desafios do Brasil quanto à participação
feminina no mercado?
Ivan de Souza - Ainda faltam mulheres em cargos de chefia.
Hoje, temos 60% das mulheres inseridas na economia do país, mas elas só ocupam
30% das posições executivas. Isso poderia ser resolvido com uma política de
cotas, por exemplo
É ruim recorrer a um mecanismo forçoso, mas deu certo na
Austrália, em primeiro lugar no ranking. E todo o país ganharia porque, se
igualássemos gradativamente a participação feminina à masculina no mercado
formal, o PIB cresceria 15%.
Por que a economia cresce com a maior participação feminina?
Ivan de Souza - As políticas em prol da inclusão das
mulheres no mercado são vistas como responsabilidade social, mas isso está
errado. Quem mais ganha é a economia. O primeiro efeito é o aumento da mão de
obra.
Segundo: elas se tornam consumidoras com alto poder de
decisão. Além disso, nas últimas décadas, cresceram os núcleos familiares
liderados por mulheres. Se elas têm um trabalho, há maior estabilidade social.
Por que a economia do cuidado prejudica as mulheres?
Ivan de Souza - Em nossa cultura há uma exigência
sobre-humana em cima das mulheres de cuidar da família inteira: dos filhos, do
marido, dos pais. O único jeito de desonerá-las é fortalecer a malha de suporte
social e a saúde com melhores serviços hospitalares, asilos e creches.
Fonte: Exame
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