Pandoravírus surpreendeu pesquisadores por ter complexidade
semelhante à de células
Dois vírus descobertos recentemente são duas vezes maiores
do que os que detinham esse "recorde" até agora e podem representar
uma nova forma de vida, revelou um estudo francês publicado na revista
americana Science nesta quinta-feira.
Os pesquisadores disseram estar "muito surpresos"
com a descoberta do que chamaram de Pandoravírus, que não estão relacionados
com os que deixam seres humanos doentes.
Esses Pandoravírus são notáveis, devido ao grande tamanho de
seu genoma, que contém entre 1,9 e 2,5 mil genes, e o vírus da gripe, apenas
dez. Os seres humanos, por exemplo, têm cerca de 24 mil genes.
O recorde anterior em um vírus era de 1,2 mil genes.
Em geral, os vírus não são considerados formas de vida. Para
alguns cientistas, porém, esses vírus gigantes poderiam ser classificados como
organismos vivos.
Um desses dois vírus, o Pandoravirus salinus, foi encontrado
em uma cepa sedimentar da costa chilena. O outro, o Pandoravirus dulcis, estava
no barro no fundo de um reservatório em Melbourne, na Austrália.
Observados com um microscópio, esses novos vírus se parecem
muito mais com células vivas do que com outros vírus conhecidos.
Isso se explica porque os Pandoravírus vêm de uma família
diferente dos vírus conhecidos até agora, afirma professor da Faculdade de
Medicina de Aix-Marseille Jean Michel Claverie e a diretora de Pesquisa do
Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS) Chantal Abergel.
A forma e a quantidade de genes que contêm "nos faz
pensar na caixa de Pandora: abrir a caixa vai romper verdadeiramente os
fundamentos do que sabemos de vírus até o momento", acrescentaram os dois
pesquisadores.
– A ausência de similaridades da maior parte de seus genes
com outras formas de vida poderia indicar que provêm de uma linha de células
primitivas totalmente diferente – acrescentaram.
Para Gustavo Caetano-Anolles, professor de bioinformática da
Universidade de Illinois e estudioso dos vírus gigantes, que não integra esse
grupo de pesquisa, os Pandoravírus "fazem parte de algo que não
compreendemos muito bem e que tem a mesma complexidade que uma célula".
Os cientistas franceses esperam que essa descoberta permita
financiar outras investigações sobre como funcionam os Pandoravírus, o que
poderá levar a importantes inovações em matéria biomédica e de biotecnologia.
Fonte: Zero Hora
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