Encontrar formas de diferenciação em mercados cada vez mais
complexos, globalizados, dinâmicos e competitivos é um desafio que envolve um
amplo espectro de análises e, principalmente, decisões que afetarão toda uma
cadeia de processos criada para suportar o posicionamento que a empresa definiu
frente a cenários cada vez mais voláteis
Encontrar formas de diferenciação em mercados cada vez mais
complexos, globalizados, dinâmicos e competitivos é um desafio que envolve um
amplo espectro de análises e, principalmente, decisões que afetarão toda uma
cadeia de processos criada para suportar o posicionamento que a empresa definiu
frente a cenários cada vez mais voláteis.
O posicionamento adotado, que compreende desde a mensagem a
ser passada a seus diferentes stakeholders, até o modelo de negócios e
definição de seu público-alvo, por exemplo, se constitui no conceito principal
a partir do qual todas as demais áreas corporativas deverão desenvolver suas
atividades, a fim de atingirem os resultados projetados no planejamento
estratégico.
Posicionamentos similares entre empresas do mesmo setor
acabam por definir um modelo de competição pautado, basicamente, em atributos
como preço, tendo a busca pela eficiência produtiva cerceada, mais cedo ou mais
tarde, por limites internos ou externos e, então, como derivada imediata, as
margens de lucratividade são reduzidas para que a empresa consiga permanecer
viva e, preferencialmente competitiva, dentro da lógica e status quo vigente.
Ter uma melhor qualidade, um valor justo ou ainda um “serviço” melhor são as
metas de todas as empresas, portanto fazer mais do mesmo não levará uma
organização a um patamar superior, diferenciado. Na melhora das hipóteses, essa
abordagem proverá sobrevida até que as possibilidades de melhorias se
“esgotem”, chegando à exaustão.
Da mesma forma como ocorre no nível corporativo, o
posicionamento de produtos e serviços está sujeito à mesma lógica da
diferenciação para evolução. Assim, o valor é aquilo que os compradores estão
dispostos a pagar para obterem suas necessidades e desejos realizados
(tangíveis ou intangíveis). Produtos e serviços de maior valor percebido são
aqueles cujos diferenciais são valorizados, desejados e consumidos pelos
públicos. Portanto, em situações onde produtos e serviços ofereçam atributos
percebidos como similares, equivalentes ou iguais, a atribuição de valor pelo
cliente tende a ser focada no benefício mais óbvio e imediato, como o preço.
O tradicional papel da busca pela estratégia competitiva de
uma empresa pode ser resumido na busca de vantagens consistentes e valorizadas
sobre os concorrentes, partindo da definição do segmento do mercado a ser
atendido, da avaliação dos fatores determinantes de competitividade naquele mercado
e da adoção de meios mais eficazes para atendê-lo em melhores condições que os
demais competidores naquela indústria ou setor de atuação.
Dentre as mais recentes abordagens de modelagem de
estratégia competitiva concebidas pelos estudiosos da gestão, podemos destacar
o Modelo Oceano Azul, que se baseia em uma lógica de certa forma inversa à do
pensamento tradicional de concepção estratégica Top-Down. No Oceano Azul, o
foco competitivo não deve estar no mesmo ecossistema de atuação dos
tradicionais concorrentes, explorando as mesmas táticas que eles. Os autores W.
Chan Kim e Renée Mauborgne pregam que a melhor estratégia é sair desses oceanos
vermelhos de sangria por preços e explorar oceanos azul de não concorrência, a
partir da criação de produtos, serviços, categorias e mercados totalmente
inexplorados. Ou seja, para os autores, a melhor forma de competir é tornar os
competidores irrelevantes.
Kim e Mauborgne propõem a criação de estratégias inovadoras
que enxerguem a realidade de seus mercados de atuação sob uma ótica diferente,
tentando achar espaços ainda inexplorados por seus competidores e valorizados
por seus clientes e potenciais clientes; ou ainda quebrando os padrões atuais
de modelos de negócio com propostas calcadas em um conjunto de atributos que
venha de encontro às expectativas e necessidades latentes de seus clientes e
potenciais clientes.
Tal abordagem traz consigo o poder de mudar a lógica vigente
de competição, colocando os produtos e/ou serviços de determinada empresa de
forma única, sem mais a comparação direta com os atributos de valor que
pautavam o cenário competitivo até então. São esses espaços inexplorados de
mercado que os autores definem como “Oceanos Azuis”.
A diferenciação pelo Oceano Azul parte da utilização de uma
estratégia Bottom-Up, ou seja, que primeiro busca encontrar oportunidades
táticas (que sejam inovadoras e eficazes) nos mercados de atuação da empresa –
ou em novos mercados, para então formatar sua estratégia. Esta abordagem
compreende 4 passos fundamentais para sua adoção:
- O despertar visual – analisar suas competências, suas qualidades positivas e negativas;
- A exploração visual – descobrir como está sendo percebido no mercado;
- A visualização da estratégia – montar seu plano tático estratégico e
- A comunicação visual – comunicar este plano ao mercado.
A aplicação desta abordagem está calcada em um princípio de
visão de longo prazo, olhando sempre para oportunidades ainda inexploradas,
altamente potenciais, tirando o foco de análise da competição por atributos já
conhecidos e inserindo elementos e variáveis que sejam valorizados pelos
clientes atuais e potenciais; porém, que sejam exclusivos ao posicionamento,
oferta ou produto de determinada empresa.
Mudar a lógica e os paradigmas existentes em um mercado é
decisão que requer ousadia e competência, dois diferenciais que podem
possibilitar uma existência muito mais lucrativa e perene não só para a empresa
que oferta seus produtos e serviços sob este mantra, mas também para toda a sua
cadeia de valor, que passa a contar com produtos e serviços inovadores e
diferenciados.
Fonte: Administradores
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