Pesquisa e análises sobre empreendedorismo na Região Sul do Brasil e dicas para as mães empreenderem
Conciliar trabalho e tempo para a família tem sido um dos maiores desafios da mulher moderna. Em busca de mais qualidade de vida e também retorno financeiro, muitas mães têm se reinventado como empreendedoras, no mercado formal e informal no Brasil.
O empreendedorismo feminino ganhou força desde a inserção da mulher no mercado de trabalho porque muitas mulheres encontram na maternidade um estímulo adicional para abrir uma empresa aliando criatividade, dedicação e flexibilidade para participar mais de perto da educação dos filhos.
O desejo
Pesquisa feita pela Global Entrepreneurship Monitor – GEM sobre Empreendedorismo, considerando a população da Região Sul na faixa etária de 18 a 64 anos, aponta que o número de empreendedores na Região Sul é de 6,8 milhões de pessoas, 35,08% da população nesta faixa etária.
Os entrevistados foram perguntados sobre qual seria o sonho em 2014. Ter o seu próprio negócio apareceu em terceiro no ranking, ficando atrás somente do desejo de comprar a casa própria e da vontade de viajar pelo Brasil.
Dado interessante desta pesquisa também é que o sonho de fazer carreira numa empresa e o sonho de casar ou formar uma família estão em sétimo e nono lugar.
A motivação
Nesta mesma pesquisa da GEM foi mitigada a motivação da abertura do negócio dos empreendedores da Região Sul, se foi por oportunidade ou por necessidade e 82,2% responderam que foi por oportunidade, a maior média observada dentre as regiões brasileiras e expressivamente superiores a do Brasil (70,6%), representando maior planejamento do negócio e mais assertividade na escolha da atividade a ser explorada.
Em relação aos ramos de atividade escolhidos pelas empreendedoras, o Anuário das Mulheres Empreendedoras e Trabalhadoras em Micro e Pequenas Empresas publicado pelo Sebrae em 2014 constatou maior concentração nos serviços ligados a alimentação, comércio de roupas e calçados, serviços de beleza e comércio de produtos alimentícios.
A localização
Curitiba comparada com outras capitais do Brasil tem uma condição favorável para o empreendedorismo. A Endeavor criou o Índice de Cidades Empreendedoras que mede o potencial de empreendedorismo nas capitais baseado em sete premissas e em 2014, a capital paranaense foi qualificada como a quarta melhor capital para empreender no Brasil, ficando atrás de Florianópolis (SC), São Paulo (SP) e Vitória (ES). Curitiba ficou dentro do ranking das melhores dez posições em todos os quesitos, com destaque para o primeiro lugar em infraestrutura, terceiro lugar para acesso a capital e quinto lugar para ambiente regulatório e inovação.
O perfil
Ainda segundo pesquisa da GEM, dos 6,8 milhões de empreendedores da Região Sul, 3,3 milhões estão no estágio inicial, com até 42 meses de atividades e 3,5 milhões estão em estágio estabelecido, com mais de 42 meses e compõem o seguinte perfil:
Empreendedores em estágio inicial
- 50,1% são homens e 49,9% são mulheres
- 52,8% tem de 18 a 34 anos
- 36,8% tem de 35 a 54 anos
- 10,3% tem de 55 a 64 anos
- 48,1% tem escolaridade de ensino médio ou mais
- 47,1% possuem renda familiar superior a 3 salários mínimos
- 58,5% são casados ou vivem em união estável
- 87,7% são brancos
Empreendedores em estágio estabelecido
- 56,7% são homens e 43,3% são mulheres
- 24,7% tem de 18 a 34 anos
- 55,6% tem de 35 a 54 anos
- 19,7% tem de 55 a 64 anos
- 43,4% tem escolaridade de ensino médio ou mais
- 62,4% possuem renda familiar superior a 3 salários mínimos
- 67,6% são casados ou vivem em união estável
- 88,7% são brancos
Como conciliar
Para facilitar a vida das mulheres que pretendem ter o seu negócio sem que haja perda de qualidade da sua vida pessoal e familiar, seguem algumas dicas com base em diversas fontes e na experiência em consultoria:
Apoio da família: antes da futura empreendedora pensar em montar seu negócio é importante o apoio e aprovação da ideia pela família porque todo tipo de mudança gera conflito, medo, angústia e insegurança.
Planejamento: antes de pensar em abrir uma empresa, planeje, faça um plano de negócios definido o que é o negócio, qual o mercado, qual seu diferencial, estrutura de custos, despesas, como será feita a divulgação, dentre outros. Prefira gastar tempo afiando o machado do que cortando lenha.
Mobilidade: invista em celulares com pacote de dados que podem te manter atualizada ou adiantar alguma coisa do trabalho em qualquer lugar como na fila de um banco, na sala de espera de um médico, na escola enquanto espera os filhos, etc.
Delegue funções: a mulher precisa definir prioridades para conseguir fazer todas as atividades, então é necessário delegar algumas funções com o esposo ou outros integrantes da família, como por exemplo, as tarefas domésticas, levar os filhos na escola ou fazer as compras de supermercado.
Disciplina e organização: a empreendedora precisa organizar todas as atividades diárias, semanais e mensais, estabelecendo horário de início e término de cada atividade em uma agenda ou calendário do computador ou celular e cumpri-la.
Local apropriado: toda empresa, mesmo home office, deve possuir um local apropriado para não misturar as coisas da casa com as do trabalho. Separe um cômodo, deixe-o limpo e organizado e isso facilitará a concentração no trabalho e trará maior profissionalismo.
Descanso: não é porque a empreendedora não tem chefe ou um dia de folga determinado que deve esquecer de descansar. Os momentos de lazer são tão importantes para que o negócio dê certo porque corpo e mente andam juntos, e se um adoece o outro também sente.
Cuidado com a culpa: com a maternidade vem a culpa, então é raríssimo encontrar uma mãe que não fique se perguntando se está tomando as decisões certas. O importante é não deixar a culpa interferir nas decisões da empresa que devem ser tomadas sempre com a razão.
Busque apoio profissional e tenha networking: entidades como o Sebrae e Endeavor e o site da Administradores disponibilizam gratuitamente um grande acervo de materiais para conhecimento e capacitação empreendedora. O Movimento Empreenda, ligado a revista Pequenas Empresas Grandes Negócios tem aplicativo gratuito para celular para construção de Plano de Negócios. Existem também consultorias especializadas e grupos específicos para apoio a mulheres empreendedoras para capacitação, troca de experiências e networking como o Rede Mulher Empreendedora, Maternarum, Mãe Empreendedora, Jogo de Damas, além de grupos para mulheres empresárias em igrejas como o Lidera Mulher na Igreja Batista do Bacacheri em Curitiba, que foca no desenvolvimento pessoal, profissional e espiritual das profissionais e empreendedoras.
E se não der certo?
Se você é mulher e mãe e está terminando de ler este artigo e está pensando que apesar de estar na cidade certa, ter os recursos e aptidões necessárias e o perfil, só que não tem motivação para iniciar ou já percebeu que não vai dar certo empreender e que prefere fazer carreira em uma organização ou até mesmo curtir o momento sendo somente mãe, fique tranquila, não tem problema algum nisso. Com toda certeza é ali que você estará feliz porque quando uma mãe está feliz, toda a família está feliz.
Tem uma frase de autor desconhecido que deveria ser o lema da mulher que é mãe e empreendedora que é "Não desista fácil nem insista para sempre".
Nunca é tarde demais para começar, recomeçar ou simplesmente empreender no negócio "Ser Mãe", investindo no desenvolvimento da autoestima e autoconfiança dos filhos para que se tornem adultos preparados para relacionamentos, para as dificuldades da vida e para o mercado de trabalho.
Fonte: Administradores
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