Idealizador do "banco dos pobres", Muhammad Yunus aconselha que os jovens saiam de sua zona de conforto e comecem a empreender
"Não chore por estar desempregado, crie seu emprego", disse o economista Muhammad Yunus, Nobel da Paz que proferiu uma palestra para 70 acadêmicos e empreendedores brasileiros no começo deste mês em São Paulo.
Durante sua apresentação, Yunus fez um desafio aos presentes a seguirem seu exemplo: quando seguia carreira de professor universitário em Bangladesh, ao invés de se isolar no universo acadêmico, ele agiu com proatividade e criou seu próprio caminho - tornando-se, assim, um empreendedor inovador.
O professor decidiu conhecer além da realidade do campus, onde possuía uma estrutura estável e propícia ao desenvolvimento, e visitou os vilarejos que rodeavam a Universidade. Lá, Yunus pôde ter uma nova perspetiva ao se deparar com a devastação e pobreza que tomavam conta do local.
"Deixei a perspetiva superficial de um pássaro, que olha tudo de cima, e passei a enxergar a realidade como um animal terrestre, que olha para o outro. Ver aquela realidade de perto fez toda a diferença, pois a teoria econômica é vazia se não houver prática", disse Yunus segundo a Folha.
Yunus foi laureado em 2006 com o prêmio de Nobel da Paz pela criação do Grameen Bank, conhecido como "banco dos pobres". Ele foi o responsável por levar o conceito de microcréditos até comunidades ao redor do mundo que vivem em condições de miséria.
Tudo começou quando o professor se empenhou em solucionar o problema da ação dos agiotas nesses locais, que devastava a vida de inúmeras famílias pobres que não tinham condições de pagar os empréstimos oferecidos.
"O dinheiro é uma forma de escravidão do outro"
Foi a partir desse pensamento que Yunus decidiu intervir naquela realidade e prestar socorro financeiro a uma família, no valor de US$ 27. "Em um lugar tão pobre, aquilo causou uma transformação, resolvia problemas imediatos das pessoas", afirmou.
Impulsionado pela vontade de ajudar, anos depois idealizou uma forma para conseguir dinheiro destinado ao empréstimo. Em sua primeira tentativa, na agência bancária da Universidade, recebeu a recusa do gerente, que justificou que aquelas pessoas não tinham "qualificação para empréstimos porque não davam garantia de que pagariam o débito".
Isso levou o economista a largar de vez sua carreira acadêmica para virar banqueiro em 1983 e oferecer oportunidades para as pessoas excluídas do sistema financeiro. "Já provamos que microfinanciamento funciona em qualquer sociedade. É bom lembrar que metade da população mundial não tem conta em banco", disse Yunus.
Pensamento empreendedor
Como seus ideais iam de encontro à teoria econômica clássica, Yunus criou novos conceitos provando a existência de modelos alternativos de negócios, como os sociais. O objetivo disso não era fazer críticas ao capitalismo ou aos lucros, mas sim levar um pensamento mais humanizado e menos individualista ao mundo dos negócios.
Ele ressaltou que o papel de seu trabalho é "resolver um problema social, não gerar lucro". "Não podemos ser um punhado de gente ávido por dinheiro. Não somos unidimensionais nem podemos aceitar esse individualismo", afirmou o economista.
Sua teoria prega o conceito de "selfless", que defende o desenvolvimento de um mundo com atitudes menos egoístas e individualista, onde seja reestabelecida uma ordem social mais equilibrada. Seu objetivo é expandir o alcance da teoria para as universidades, pois "são os jovens que vão promover as mudanças futuras".
Assim, durante sua visita ao Brasil, o economista lançou a Rede Yunus de Universidade, cujo objetivo é reunir instituições financeiras que desejem investir em negócios sociais. Durante sua palestra, ele incentivou os brasileiros a saírem de suas zonas de conforto e buscarem novas soluções.
Fonte: Administradores
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