sábado, 2 de maio de 2015

Fechamos! Fomos trocados por um aplicativo

A tecnologia tem tornado muitos ramos de negócios obsoletos e totalmente dispensáveis. Será que o seu também está neste percurso?




Se você nunca parou para pensar se o seu negócio um dia vai se tornar obsoleto e não criou, com isso, algumas rugas de preocupação, deve haver então um forte motivo pelo qual você deve se considerar dono de uma blindagem rara nos dias de hoje. Ou detém um espírito bem elevado, daqueles que acreditam que "preocupação" (pré-ocupação, ou antecipar-se por dedicar energia a pensar ou se ocupar com algo que ainda não ocorreu) é perda de tempo ou só atrai energia negativa.

Se esse tipo de assunto nunca te preocupou, e não é sua pretensão se "pré-ocupar" com isso agora, de fato este artigo não é para você. Agora, se vez ou outra você se questiona se será o próximo engolido pelo Triângulo das Bermudas das Mudanças Tecnológicas, espero que você tenha aqui uma boa base para dar mais consistência às suas reflexões. E irei começar por uma pergunta simples:

Qual foi a última vez que você comprou um rolo de filme fotográfico?

Salvos alguns caros casos de profissionais apaixonados pela fotografia tradicional, é bem provável que você já tenha até se esquecido de que existe ou existiu tal insumo que hoje virou artigo confinado a algumas prateleiras e tratado como delicatessen. Mas é fato que hoje a tecnologia tornou esse produto totalmente obsoleto. Não só o produto, mas toda a cadeia de negócios voltada para a sua manipulação e destinação final, que era a revelação em papel fotográfico. Uma lástima? Sim. Muitos nunca pensaram nisso, mas hoje confiamos nossos momentos preciosos registrados em fotos digitais a redes sociais, mídias eletrônicas (cartões de memória, pen-drives, etc.) e outros "estoques" virtuais sujeitos a bugs. Um provável futuro de quem não possui memória impressa: uma geração sem memória. Um álbum de papel ainda é a forma mais segura de registrar suas memórias.

Mas se for para imprimir a foto, as câmeras digitais servem. Então, o filme encontrou de fato o seu substituto. E os displays e telas também substituíram o papel diante da necessidade de se visualizar as imagens capturadas pelo clique.

Há quem diga - e eu não soube precisar se a frase tem autoria - que "o ser humano não sabe querer coisas novas, e sim, novas formas de obter as mesmas coisas que sempre quis". A própria Internet e as redes sociais são uma forma de assegurar uma necessidade humana antiga: a de se socializar, de interagir. De ser visto e lembrado.

Se esta premissa é verdadeira, e pensamos em todos os ramos que se tornaram obsoletos com o avanço de tecnologia, podemos elevar os produtos e serviços aposentados à condição de "atravessadores". A figura do atravessador é antiga, e justificou a criação das cooperativas. Trata-se de alguém (um indivíduo ou uma empresa) que não é a responsável direta por materializar um bem. Ele adquire o bem materializado por um determinado valor, e o oferta no mercado para quem não tem acesso direto ao produtor, por um preço maior, obtendo aí a sua remuneração. E esse conceito se aplica a várias situações. Quer um exemplo de atravessador mais próximo da sua realidade?

Você certamente comprou, ou já teve a vontade de comprar uma furadeira. E provavelmente não era para trabalhar. Era apenas para pendurar o mobile acima do berço do bebê, ou o suporte para bicicleta, ou ainda um simples quadro na sala. E ela continua lá, esquecida. Um verdadeiro patrimônio improdutivo digno de ser reinvidicado pelo MST. Pois bem: pegue o preço da tal furadeira e divida pela quantidade de buracos que fez com ela até hoje. Perceba que foram buracos bem caros.

A pergunta que cabe aqui para fixar bem o conceito da obsolescência é: quando foi que você acordou, num belo dia, olhou para o espelho do banheiro enquanto escovava os dentes e autoconfidenciou: "meu sonho é ser o proprietário de uma furadeira" ?

Aplique-se a dinâmica dos " 5 porquês" e irá concluir que, no final das contas, o que você precisava era dos furos, e não da furadeira. O equipamento é o que faltava para ver concretizado o seu desejo de ver o objeto pendurado ou fixado em definitivo na parede. E se houvesse um jeito mais simples ou barato de obter os mesmos furos, você compraria uma furadeira? Provavelmente não.

Então, diferente de outros artigos, não listarei aqui "5 pistas para você analisar se seu negócio tende a se tornar obsoleto". Ao invés disso, vamos partir para uma análise mais direta:

Entre o campo de visão do seu cliente, quando ele olha para a necessidade dele ao longe, você é um elemento atravessador impeditivo? Sua empresa é a famosa Pedra de Drummond? Essa sim é uma boa base de análise para justificar suas preocupações. E, antes de aparecer alguém que entregue furos mais práticos e baratos, comece você mesmo a imaginar uma forma de materializar, e não mais atravessar.

E se cabe aqui uma pequena frase de conforto: não se sinta sozinho na aflição. Quem dorme materializador hoje, poderá acordar como atravessador amanhã.



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