Uma pesquisa acompanhou 1,5 mil pessoas durante vinte anos que estavam em início de carreira e as dividiu em dois grupos: um composto por pessoas que estavam iniciando uma carreira com o objetivo de gerar dinheiro agora para fazer o que gostam depois. O outro, pessoas que escolheram a carreira baseadas no que queriam fazer agora e se preocupariam com o dinheiro depois. Ao final dos vinte anos, 101 das pessoas acompanhadas haviam se tornado milionárias. Em qual grupo elas estavam?
Quando eu era criança, muita gente me perguntava “O que você vai ser quando crescer?”, mas nunca me perguntaram “O que você mais gosta de fazer?” E ai de mim se dissesse que queria ser escritora, professora e apresentadora de TV. Já logo alguém rebatia: “Ela não sabe o que quer ainda, mas vai ter tempo para escolher”. Escolher? Que palavra mais cruel, principalmente quando você tem 16 anos e precisa decidir pelo resto da sua vida a profissão que vai abraçar.
Felizmente eu sabia o que mais gostava de fazer, e desde criança tive um ambiente que me possibilitou criar, imaginar, brincar e de fato testar o que fazia a minha alma feliz e os meus olhos brilharem. Eu amava brincar de escolinha, desde que eu fosse a professora. Eu adorava brincar de TV, e minha mãe me ajudava com uma filmadora jurássica daquelas que o vídeo ficava pendurado do lado de fora. Ela me dirigia. Eu já gostava de escrever, e desde pequena fui estimulada para isso. E ainda que aos 17 anos eu tenha vacilado na hora de marcar o X na profissão de jornalista que escolhi, meu coração sabia exatamente o que eu mais gostava de fazer. Mas sei que sou uma privilegiada sob muitos aspectos, e só agradeço ao Criador por isso. Pertenço a uma classe de pessoas felizes que podem viver, amar e depender financeiramente do trabalho e da profissão que escolheram exercer.
Os tempos mudaram, e as gerações Y e Z já crescem menos sufocadas, num ambiente diferente de escolhas, normas, sociedade e cobranças. Mais responsabilidade talvez, mais liberdade também, mais comunicação, mobilidade, conectividade, e talvez um pouco menos de maleabilidade e tolerância. E isso me faz lembrar no que já dizia Peter Drucker, que foi o pai da Administração, quando escreveu o livro Sociedade para o Século XXI, na década de 50, e enfatizou que as gerações vindouras seriam muito mais terceirizadas, empreendedoras, questionadoras e “realizadas”. Quanta visão ele teve de um mundo que ainda não dava nem indícios comportamentais de mudanças que seriam tão radicais a ponto de sinalizar um novo recomeço, uma nova sociedade para um novo mundo capitalista.
Dinheiro e carreira
Uma pesquisa de Srully Blotnick divulgada em Getting Rich Your Own Way, em 1982, acompanhou durante vinte anos 1.500 pessoas que estavam em início de carreira e as dividiu em dois grupos separados e com perfis diferentes. O grupo A, detentor de 83% da amostragem, era composto por pessoas que estavam iniciando uma carreira com o objetivo de gerar dinheiro agora para fazer o que gostam depois. Aquele clássico “garantir a aposentadoria”. Já o grupo B, apenas 17% da amostragem, tinha como perfil pessoas que escolheram a carreira baseadas no que queriam fazer agora e se preocupariam com o dinheiro depois. Ou seja, “vou fazer o que gosto agora e depois eu penso no meu futuro”.
Ao final dos vinte anos propostos, veio a descoberta alarmante: 101 pessoas das 1.500 acompanhadas pela pesquisa haviam se tornado milionárias. Dentre os milionários, todos exceto um, pertenciam ao grupo B, o grupo que escolhera se dedicar ao que amava. Qual a conclusão que podemos tirar? Certamente a de que o dinheiro é sim conseqüência de um trabalho bem feito.
Não estou querendo dizer com isso que você deve abandonar tudo agora e dedicar toda a sua energia só para aquilo que você mais gosta de fazer. O que eu quero dizer é que existe sim, uma relação entre amor ao que se faz e bons resultados financeiros. Ou seja, dificilmente alguém fica rico fazendo algo que não suporta. O fato é que quando fazemos o que realmente amamos, temos uma vantagem competitiva quase desleal em relação aos outros profissionais, porque podemos aumentar nossa performance geral, fazendo as coisas com mais velocidade, sem comprometer a qualidade.
Vantagens competitivas
Imagine-se sendo destro e tentando escrever com a mão esquerda. Você pode até conseguir, mas vai levar o dobro do tempo que uma pessoa sinistra para fazer isso. Ela tem esta habilidade de nascença, e terá mais velocidade que você. Isso significa que ela poderá escrever dez páginas no mesmo tempo em que você levará para escrever provavelmente cinco ou seis.
Conheço uma ginasta que desde pequena foi rejeitada por diversos clubes, e a justificativa dos treinadores era a de que ela não tinha aptidão alguma para o esporte em questão. O fato é que Amanda sabia disso, e seus pais também. Mas nada, absolutamente nada, fez com que ela desistisse de fazer ginástica. Mesmo sabendo que nunca seria uma campeã, ela ia todos os dias treinar como se estivesse se preparando para uma olimpíada, porque o amor à ginástica falava mais alto. Amanda nunca passou de uma ginasta medíocre, mas a automotivação que ela tinha, ainda que com diversas limitações físicas (era muito grande, pesada e desajeitada), era maior do que a de muitas campeãs. E foi o prazer pelo esporte em si que a tornou uma pessoa realizada. “Estar perto das campeãs e ver como elas treinavam já me deixava muito feliz”.
Esta satisfação alimentou a alma de Amanda durante pelo menos dez anos em que treinou ginástica olímpica. E ainda que de maneira inconsciente, ela desempenhou o papel dela. Cada vez que uma campeã pensava em desanimar e via a Amada treinando há muito mais tempo para não fazer nem metade do que elas faziam, logo isso refletia em novo ânimo para toda a equipe. Mas, neste caso de Amanda, o principal é saber de suas limitações, ir em busca do seu prazer, e não alimentar falsas expectativas para não se frustrar mais tarde. Ela sabia que por mais que treinasse muito, nunca seria uma campeã. Não pelo fato de não ter nascido com o talento, mas pelo fato de ter nascido com talento contrário. Ou seja, diferente de você não ter facilidade para fazer algo, é você ter dificuldade real para alguma coisa. Quando você não tem o dom, está neutralizado em relação à concorrência. Mas quando você tem dificuldade, muita dificuldade mesmo para fazer algo, você parte do negativo para concorrer com alguém que já está no positivo há algum tempo. E isso se transforma numa desvantagem competitiva.
Tempo, foco e energia
Há exceções também, lógico. Você pode, de repente, resolver se dedicar tanto para isso, treinar muito, investir seu tempo, foco e energia, e acabar sendo mais veloz do que o seu concorrente a médio e longo prazos. Mas isso só vai acontecer se ele ficar parado e você for, no mínimo, neutro. Se os dois treinarem muito, ambos serão bons, mas ele sempre levará vantagem sobre você, ou com a velocidade ou com o tempo de treino. Ainda poderemos ter um cenário no qual ele treine pouco e você muito, e então teremos um belo confronto entre a zona de conforto dele e a sua persistência, que devem ser inversamente proporcionais para termos um fator decisivo de ganho. E, diga-se de passagem, isso é perfeitamente possível. Já vi situações deste tipo acontecerem com pessoas muito talentosas, que o simples fato de saberem de suas habilidades natas as colocou na zona de conforto, e que a longo prazo tiveram carreiras bem menos reconhecidas do que de outros que não nasceram com o talento, mas tiveram muita força de vontade, foco e persistência para desenvolvê-lo e alcançaram o sucesso.
Consegue imaginar agora o que pode acontecer com você se tiver nascido com o talento e ainda dedicar seu tempo, energia e prazer lapidando este diamante? Acha mesmo que isso não é matemática básica?
Ainda que muitas pessoas atribuam à falta de recursos como principal desculpa para não decolar na carreira, é bastante interessante pensarmos que ir atrás desses recursos também é nossa obrigação. Afinal de contas, nenhum investidor ou empresa vai cair do céu para financiar os seus talentos. Isso precisa partir de você. Isso tem tudo a ver com a sua motivação, com os motivos que fazem com que você se levante da cama todos os dias feliz porque sabe que vai caminhar mais um pouquinho na sua jornada, usando os seus talentos para o seu prazer, para fazer dinheiro e ainda ajudar a fazer deste, um mundo melhor. Muito difícil?
Fonte: Administradores
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