segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

A arte de tirar vantagem

O artigo traz à tona como transformar desvantagens em vantagens competitivas, fundamentando com a teoria das 10 mil horas de Malcolm Gladwell e com exemplos práticos do dia a dia. Quantas horas você treina por dia para ser bom naquilo que faz?




Quantas horas você treina por dia para ser bom naquilo que faz? E quantas horas estaria disposto a treinar para passar de bom a excelente?

Malcolm Gladwell, autor de livros consagrados como "Blink – A Decisão num Piscar de Olhos" e "Ponto de Virada" apresentou ao mundo sua regra das 10 mil horas de dedicação que constroem a carreira bem-sucedida, ou 98% de transpiração e o restante de inspiração, sabendo usar a seu favor as desvantagens e fraquezas de seu legado histórico e como aproveitar as oportunidades.

Uma das coisas que chamou a minha atenção em seu livro "Fora de Série" é quando ele fala das desvantagens que são vantagens, e cita como exemplo, uma quantidade extraordinária de empreendedores que têm dislexia, explicando que uma desvantagem pode tornar-se uma vantagem em alguns casos, porque você busca compensá-la, por exemplo, desenvolvendo incríveis habilidades de comunicação verbal, aprendendo como delegar ou ser um bom líder.

Na obra ele contou sobre o fundador do Virgin Group, Richard Branson, que alegou que a razão de ser quem é deve-se a sua dislexia. 80% dos empreendedores disléxicos foram capitães de equipes esportivas na faculdade, enquanto apenas 27% dos empreendedores não disléxicos tiveram essa posição. Gladwell justifica que desde o começo da vida, eles foram forçados a criar coalizões.

No livro, Gladwell descreve ainda um estudo famoso, dos anos 1920, no qual o pesquisador Lewis Terman avaliou 250 mil crianças do ensino fundamental da Califórnia e descobriu que 1,5 mil delas tinham QI de gênio. Pensando ter encontrado os líderes intelectuais do futuro, ele as acompanhou por toda a vida. Para sua decepção, 40 anos depois, constatou que não havia localizado nenhum líder intelectual.

Mas o interessante revelado pelo autor é que há um princípio nas pesquisas especializadas que diz que, para ser bom em algo que seja complexo cognitivamente, você tem de investir cerca de 10 mil horas praticando. Gladwell explica que de certa forma, isso é senso comum: você precisa trabalhar duro para ser bom em alguma coisa. Mas o que há de interessante é o número: 10 mil horas equivalem a dez anos de trabalho em algo durante quatro horas por dia.

Ele diz ainda que deve-se também ter certo nível de renda familiar. Como essa marca é muito difícil, poucas pessoas a atingem. Um exemplo de alguém que alcança essas 10 mil horas é um médico especialista, mas como ele consegue? Com os terríveis, mas necessários, períodos de residência. Para ele, "é o número de pessoas que desejam acordar às 5 horas da manhã e trabalhar até as 20 horas. Porque, para conseguir as quatro horas do que se chama “prática deliberada”, seria preciso trabalhar 12 horas todo dia. Você ainda tem de cuidar de todas as outras atividades que são necessárias para conseguir aquelas quatro horas de esforço brilhante. Uma vez que se percebe quão limitante esse fator é, acaba-se entendendo que o trabalho realmente criativo é o resultado ordinário de uma quantidade extraordinária de esforços depositados em algo", justifica.

Ou seja, é preciso estar disposto a fazer, refazer, inventar e reinventar. Sempre. Isto é o que Gladwell chama de “insatisfação positiva” com aquilo que se aprende. "Você tem de constantemente voltar e rasgar o que aprendeu e tentar reconstruí-lo de um modo mais interessante”. Ele cita o exemplo de Tiger Woods, que depois de ter atingido a maior pontuação da história do golfe, mudou completamente sua tacada. Ele essencialmente começou tudo de novo e as pessoas ficaram chocadas. "É esse tipo maravilhoso de insatisfação útil que empurra os fora de série para frente", conclui.

A pergunta é: quantos de nós estamos dispostos a pagar este preço ou temos tempo para isso?



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