domingo, 15 de fevereiro de 2015

As 6 variáveis do sucesso

O que você sabe fazer bem? Nem sempre o que achamos que fazemos bem é o que o mundo reconhece como nosso talento. Aprenda como identificar e avaliar os fatores que infuenciam o seu suceso profissional




O que você sabe fazer bem? Talvez você se sinta levemente inseguro para responder a esta pergunta. Ou talvez você tenha certeza absoluta daquilo que sabe fazer bem. Caso você não tenha esta resposta, a minha sugestão é fazer esta pergunta para pelo menos cinco pessoas diferentes, de ambientes diferentes, também para cruzar essas respostas mais tarde e chegar a uma conclusão definitiva.

Nem sempre o que achamos que fazemos bem é o que o mundo reconhece como nosso talento. Cristina sentiu isso na pele quando abriu o seu mini ateliê de costura em casa para ajudar a aumentar a renda da família. Com uma singela máquina de costura, ela decidiu que começaria a prestar pequenos serviços como pregar botões, fazer barras, e pequenos ajustes de costura para a vizinhança. Ela entendia que isso era o que tinha de melhor para comercializar, e acreditava que realmente o fazia bem.

O tempo passou, e três anos depois Cristina já tinha uma clientela considerável no bairro onde mora. E, apesar de oferecer os serviços-padrão, ela se destacava por tratar bem de suas clientes. Sempre que recebia em sua casa, oferecia um chá, café, eventualmente um biscoito. Nada que chamasse muito a atenção, apenas um mimo mesmo. Até o dia em que uma cliente coincidentemente apareceu na casa de Cristina no dia do aniversário do marido dela e teve a sorte de experimentar o bolo que Cristina tinha feito no dia anterior. A satisfação da cliente foi capaz de gerar um “zumzumzum” tão grande no bairro, que no dia seguinte, Cristina foi obrigada a fazer outro bolo para as clientes experimentarem. Deste dia em diante, ela nunca mais costurou. É uma das confeiteiras mais famosas e bem-sucedidas da sua cidade. Sua marca vale muito dinheiro e ela já estuda a possibilidade de criar franquias para o resto do Brasil. “Nunca imaginei que as pessoas fossem gostar das minhas receitas. Eu achava mesmo que o meu melhor estava na máquina de costura. Eu me enganei. Se eu soubesse, tinha começado bem antes”.

Cristina descobriu um novo mundo e dentro deste universo no qual ela liberou o talento adormecido, descobriu também um imenso prazer na atividade em que exerce hoje. Algo que talvez ela nunca descobrisse sozinha. Portanto, aceitar a ajuda de algumas pessoas é o ponto de partida fundamental que tanto precisamos para dar o primeiro passo. É claro que algumas variáveis podem ajudar ou atrapalhar em todo este processo, e foi por este motivo que criei um quadro com seis variáveis que podem interferir diretamente no resultado do seu sucesso: talento, recursos, vontade, prazer, ambiente e reconhecimento. Vamos falar de cada uma delas, e depois vamos colocá-las juntas e analisar como tudo isso simultaneamente pode maximizar suas forças e diminuir suas fraquezas.

1. Talento

Aptidão, vocação, dom, herança, capacidade humana, desempenho fora do comum. Você vai encontrar muitas definições técnicas para talento. Mas o fato é que as pessoas nascem com capacidades e habilidades diferentes, e essas diferenças acabam sendo conhecidas como os talentos de cada um. Ainda que alguns cientistas queiram provar que ele não existe e que a genética ainda não consegue decifrar o código genético do talento, ele felizmente existe, pode ser visto, reconhecido, tocado, e principalmente, desenvolvido. Basicamente é aquilo que você faz com muita facilidade, de uma maneira natural e intuitiva, geralmente apresentando resultados acima da média.

2. Recursos

Quais os recursos que eu tenho para desenvolver e apresentar os meus talentos de maneira mais profissional? Que condições físicas você tem para desenvolver os seus talentos? Quando falamos de recursos estamos falando de recursos físicos, que podem ser técnicos, específicos, ou simplesmente condizentes com o que é necessário para que um trabalho possa ser desenvolvido e realizado da melhor maneira possível. Vamos supor que você seja um excelente desenhista. Se não tiver um papel e uma caneta, ou um computador adequado, você não poderá fazer os seus talentos trabalharem. Os recursos são a base para o nossos talentos trabalharem para alcançarem resultados extraordinários, porque quando você tem talento, mas não tem os recursos necessários, você consegue resultados, ainda que estes não sejam extraordinários. O inverso, porém, não é verdadeiro. Porque se você tem os recursos, mas não tem os talentos, nada acontece. Logo, o cenário ideal é igual a talento + recursos.

3. Vontade

De nada adianta o talento, os recursos, se o indivíduo não tiver a vontade de fazer acontecer. Se dentro dele aquilo tudo não se comportar de maneira levemente desconfortável. Conheço pessoas talentosas que estão esquecidas em suas zonas de conforto e gozam de todos os recursos que alguém pode querer ter para ser bem-sucedido. Mas falta o principal: a vontade. E isso é algo que nem uma empresa, nem o melhor palestrante ou conselheiro do mundo vai poder te dar. A vontade é algo que nasce, cresce e morre dentro de você: ou tem ou não tem. Não dá para terceirizar. É a força que vai fazer você se levantar feliz ou encrencado todos os dias da cama de manhã. E esta vontade tem ligação direta com o amor que você tem por aquilo que faz. Quanto maior o amor, tende a aumentar a vontade de fazer acontecer. Desde que este amor seja correspondido, isso é importante destacar. Às vezes o amor existe, mas não é correspondido, e isso gera no indivíduo uma frustração quase depressiva. Ele ama mas não tem vontade de fazer absolutamente nada: por medo, desilusão ou simplesmente porque a vontade é menor que o talento e os recursos. Isso pode acontecer.

4. Prazer

O que você mais gosta de fazer? Saber o que te dá prazer é autoconhecimento. E autoconhecimento é pré-requisito para você ser feliz e alcançar o sucesso. Confúcio já dizia: “Faça aquilo que gosta e não terás de trabalhar um único dia de sua vida”. O tempo passa mais rápido, o mundo fica mais leve quando temos prazer em nossas atividades. Conseguimos até trabalhar mais quando fazemos o que realmente gostamos. É maior do que nós mesmos, acontece até em momentos inesperados. Quando você viu, já está trabalhando e nem percebeu. Isso é resultado do prazer que você tem na atividade que realiza. Ele é fundamental para você evoluir em uma carreira. A falta de prazer vai matando o indivíduo aos poucos. No início ele tolera, na seqüência ele suporta, e mais tarde ele pifa e se descobre uma pessoa até desprezível, pelo simples fato de ter desperdiçado tantos anos de sua vida realizando algo que não o fazia feliz sob hipótese alguma. Muitas pessoas abrem mão do prazer em prol de benefícios financeiros e às vezes passam uma longa vida se culpando por não ter desafios ou por não ter ouvido o coração. Ainda que tudo isso aconteça sob excelentes condições financeiras e materiais. <

5. Ambiente

Será que Mozart seria famoso hoje como foi na época em que viveu? Qual foi a influência que o ambiente no qual ele viveu teve sobre o sucesso dele? Será que Larry Page e Sergey Brin, fundadores do Google, teriam obtido o mesmo sucesso com o projeto da empresa deles se o tivessem feito em 1920? Ainda que não tenhamos essas respostas, podemos afirmar que o ambiente favorável ou desfavorável pode fazer toda a diferença quando falamos de carreiras bem-sucedidas. Você estar na hora certa e no local certo faz muita diferença sim. Conhecer as pessoas certas, viver na época adequada e se adaptar ao novo são quesitos que fazem a variável ambiente ser tão importante. O ambiente influencia seus indivíduos, e isso pode ser para o bem e para o mal. Precisamos ter discernimento, porém, para saber como tirar o melhor proveito desta força, que pode ser lida ainda como o clima organizacional de uma empresa também.

6. Reconhecimento

A palavra reconhecimento sugere uma série de práticas diferentes. Pode ser desde o quanto as pessoas entendem o seu talento, a um “muito obrigado”, ou ainda um cheque com um valor legítimo que confere a alguém um prêmio ou um bônus ou uma homenagem. Reconhecer é conhecer novamente, é mostrar que algo é aceito e que tem o aval de uma comunidade, sociedade ou grupo de pessoas. É como se fosse um agradecimento recompensado de alguma forma. O que é reconhecimento para você? Definitivamente, reconhecimento é uma necessidade básica de todo e qualquer trabalhador, independente do seu nível hierárquico, status, cultura ou salário.

Se juntarmos essas seis variáveis, podemos construir muitos cenários diferentes. Este pode ser um bom exercício para você fazer mais tarde para se auto-avaliar. Um cenário ideal é aquele que apresenta todas as seis variáveis em formato crescente, conforme mostra a figura a seguir:

↑Talento   ↑ Recursos  ↑ Vontade    ↑Prazer    ↑Ambiente    ↑ Reconhecimento

Observe que todas elas estão com a seta para cima. Este cenário representa o indivíduo que tem talento, recursos, vontade, prazer, ambiente e reconhecimento. Teoricamente, um indivíduo que já atingiu o sucesso em sua carreira. Mas não se engane. Há pessoas que tem tudo isso e ainda assim são infelizes. E todas têm os seus motivos para isso.

Gerson é um exemplo típico. Desde criança era destaque no futebol da escola, cresceu treinando para ser um grande jogador. Ele tinha talento, teve grandes patrocinadores, vontade nunca faltou para chegar lá. Ele definitivamente amava o futebol, tinha um ambiente propício para o seu desenvolvimento e teve todas as formas de reconhecimento: dinheiro, carinho do público e dos amigos. Mas até hoje ele se culpa por estar jogando fora do País no dia em que sua mãe faleceu. Para ele, não existe sucesso completo que possa compensar o que ele julga ter sido uma falha com a família.

Faça este exercício e veja se tem mais setas voltadas para cima ou para baixo. Lembre-se de que a chave da motivação é o motivo. Há um vazio que precisa ser preenchido de alguma forma. Talvez até pela reinvenção profissional que Peter Drucker tanto defendia. No livro “A Administração da Próxima Sociedade”, o autor afirma que o dinheiro é tão importante para os trabalhadores de conhecimento quanto para qualquer outra pessoa. A diferença é que eles não o aceitam como critério supremo de medição, nem consideram o dinheiro um substituto do desempenho e da realização profissionais. “Em forte contraste com os trabalhadores de ontem, para os quais um emprego era acima de tudo um meio de vida, os trabalhadores de conhecimento, em sua maioria, vêem seu trabalho como sentido de vida”. E isso vai se refletir cada vez mais nas gerações Y e Z.

Sem talento, sem recursos, sem vontade, sem prazer, sem ambiente e sem reconhecimento. Pode este indivíduo ter sucesso? A resposta mais provável é não.

A revista Época Negócios publicou certa vez que Jack Welch, eleito pela Fortune o administrador do século, não mostrava nenhuma inclinação específica para os negócios, nem mesmo quando já contava 20 e poucos anos. Eles disseram que Welch foi uma criança muito boa no que fazia em sua cidade natal, Salem, no estado de Massachusetts. Tirava notas altas, embora “ninguém jamais tenha me acusado de ser brilhante”, diria ele mais tarde. Foi também capitão dos times de hóquei e de golfe nos tempos do antigo ginásio.

Seu histórico era suficiente para que fosse admitido em qualquer uma das melhores universidades do país, porém sua família não tinha os meios necessários para isso, o que o levou a estudar na Universidade de Massachusetts. Ele não se formou em administração, nem em economia, mas em engenharia química. Depois, foi para a Universidade de Ilinois e se doutorou também nessa disciplina. Aos 25 anos, idade em que começou a tomar mais contato com o mundo real, Welch ainda não sabia muito bem que direção seguir.

Foi, então, entrevistado pelo corpo docente das Universidades de Syracuse e West Virginia. Por fim, decidiu aceitar uma oferta de trabalho em uma unidade de desenvolvimento do setor químico da General Electric. Seria uma tarefa muito difícil procurar, nessa época, algo na biografia de Welch que desse alguma pista de que ele se tornaria o administrador mais influente do seu tempo.

Ainda que tenhamos uma série de regras, para todas elas sempre existe uma exceção. Você pode ser uma delas, mas não se prenda nisso para justificar o que já aconteceu ou deixou de acontecer na sua vida. Combinado?

Este também é o seu papel: mostrar os seus talentos para colher reconhecimento. Muitas vezes o que falta é você se valorizar para que os outros possam valorizá-lo. Obviamente que tudo com muito bom senso, um pouco de marketing pessoal, e sem excessos.



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