Será preciso endurecer o couro um pouco antes de chegar a algum lugar
Windows Millenium Edition. Talvez você seja muito novo e não tenha conhecido esse fracasso da Microsoft. Ou simplesmente tenha optado por continuar com seu sistema antigo, que, certamente, era muito melhor
"Vamos tomar um café naquele McCafé novo ali na esquina?" Eis uma frase que nunca ouvi. Não que o café seja ruim. Na verdade, há muito tempo não sei o gosto dele. Simplesmente não tenho o hábito, ou conheço alguém que tenha o hábito de ir tomar café no McDonalds.
Da mesma forma, volta e meia, ouvimos sobre como o Google está investindo em carros que se dirigem sozinhos e uma infinidade de coisas. Sobre como a Microsoft quer se “reinventar". E assim por diante. De todos os bilhões que essas empresas gastaram, é a propaganda nas buscas que continua pagando as contas do Google e o Windows e o Office fazem o feijão com arroz na Microsoft.
Não que as empresas estejam agindo errado – boa parte delas realmente investe em novidades e tenta acompanhar as tendências. Ainda assim, por mais que a Coca-Cola tenha investido em sucos e chás, suas maiores vendas continuam sendo do refrigerante preto que a deixou famosa.
Quando olhamos de perto, essa realidade das empresas parece o exato oposto do que costumamos ouvir sobre “criatividade" e “inovação”. Há tantos artigos sobre como inovar, como mudar, como ser criativo, que a impressão que temos é de que é fácil mudar, se ao menos acertarmos alguns passos na direção certa.
Se fosse fácil, todo mundo faria.
As empresas e pessoas que tentam mudar não são bobas. Pelo contrário, muitas chegaram ao sucesso através de uma atividade ou produto que fazem extremamente bem. Não querer depender apenas disso no futuro é sinal de bom senso, afinal, não podemos esperar que o mundo continue valorizando sempre as mesmas coisas.
Ainda assim, mudar também significa olhar em volta e dizer: “Sabe isso que fazemos? Então... Vamos fazer diferente”.
Parece óbvio, mas isso significa dizer que achamos que mudança é uma questão de atitude mental, essa impressão que temos ao ler um livro de um caso de sucesso ou fazer um curso que ensina que a mudança sempre está ao alcance da mão, se apenas desejarmos.
Muitas vezes nossas habilidades, hábitos, recursos e até fatores que não dependem de nós, como a forma como nossos clientes realmente nos veem tem um peso desproporcional, que só aparece de verdade quando paramos de fazer planos e começamos a colocar as coisas em prática.
A verdade é que mudanças custam caro, enchem o saco, tiram o sono e, bem, geralmente dão errado. Para todo caso de sucesso, há centenas de empresas que tentaram e falharam. Para cada carreira individual que deu uma guinada, há centenas de profissionais frustrados com a própria, passando um dia após o outro imaginando o que poderiam fazer para ter uma perspectiva diferente. Vou mais longe: se olharmos para casos individuais, veremos muitas e muitas tentativas, até chegarem a uma mudança que realmente valerá a pena.
E é essa a resposta que ofereço quando me perguntam o que pessoas ou empresas criativas têm de diferente: não são gênios abençoados ou seres de outro planeta. Talvez tenham o couro um pouco mais grosso, de tanta pancada que levaram. Mas é só. Se há um fator que sempre aparece nas biografias sobre criatividade, nem que sejam escondidas em um ou outro rodapé, é a quantidade de erros que se passaram até se chegar ao sucesso.
Mudar é difícil, caro leitor. As recompensas são altas, pode ser divertido e nos render algumas histórias para contar. Mas nunca, nunca comece uma iniciativa de mudança achando que vai ser um passeio no parque. Será preciso endurecer o couro um pouco antes de chegar a algum lugar.
Na próxima vez em que você vir um lançamento maluco de uma empresa, ou um plano daquele seu amigo que resolveu ser empreendedor mas parece não acertar a mão, dê algum crédito: ao menos eles estão tentando.
E você, o que está fazendo?
Fonte: Administradores
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