segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O que aprendi com Guerra nas Estrelas sobre empresas familiares

Volta e meia vemos desmontar grandes empresas quando o fundador deixa de estar presente




Quando era criança, eu era o feliz proprietário de uma fita de “Guerra nas Estrelas: o Império Contra-Ataca”, gravada diretamente do velho “Tela Quente”. Naquela época, caro leitor, a maior alegria era gravar os filmes que passavam na televisão apertando “pause" nos intervalos.

Hoje confesso que estou feliz. Depois de muito tempo, a saga criada por George Lucas volta a atrair atenção. Se existe uma história capaz de me deixar feliz com apenas um trailer, aposto que é essa.

Eu sempre achei que tudo que o Darth Vader queria era montar uma empresa familiar. Não satisfeito em trabalhar para o Imperador, queria convencer seu filho a trabalhar com ele. Tudo bem, ele deu uma exagerada (se muitos pais cortam a mesada de seus herdeiros quando veem que eles não estão muito a fim de seguir seus passos, convenhamos que cortar a mão do filho foi meio demais). Mesmo assim, aposto que muitos pais conseguem se relacionar com essa história quando veem o rumo que alguns filhos estão tomando.

A história de como a série saiu das mãos de George Lucas e foi parar nas da Disney também é interessante: o autor é responsável por várias inovações, não só no modo como começou a contar sua história pelo meio, nas técnicas de filmagem e efeitos especiais, mas também no modo de fazer negócios no setor de entretenimento. Quando você vê a enxurrada de bonecos acompanhando um grande lançamento, como bonequinhas de Elsa, do Frozen, ou Bumblebees, do Transformers, para crianças, pode culpar George Lucas por ter negociado os direitos dos personagens de seu filme como parte de sua remuneração. A jogada, que à época muitos não entenderam, garantiram a ele receber uma fortuna em royalties de todo boneco ou imagem vendido.

Muita gente culpa o diretor pelo “fracasso" dos episódios lançados a partir de 1999 (fracasso entre aspas, pois seus filmes ainda estão entre as maiores bilheterias de todos os tempos). O excesso de efeitos especiais é um dos “problemas” colocados na conta de um diretor apaixonado pela tecnologia que criou e incapaz de abrir mão do controle de sua criação para outros profissionais (curiosamente, ninguém reclamou quando a mesma tecnologia foi aplicada a sucessos como “Parque dos Dinossauros”).

Por isso, muita gente ficou surpresa quando Lucas anunciou, em 2012, que venderia sua empresa à Disney. Diz a lenda que, após um longo namoro, depois de ver o sucesso que a empresa teve em reconquistar o público das revistas em quadrinhos com os filmes da Marvel, o diretor finalmente decidiu que era hora de passar o bastão para uma nova geração de realizadores.

Após tentar conquistar o universo sozinho, Darth Vader, aquele cara que não consegue entrar em um cômodo sem uma orquestra bacana ao fundo, tentou passar a tocha aos seus filhos. George Lucas, anos depois, fez o mesmo.

Não vamos esticar demais a metáfora, mas é algo parecido com o que vi na prática em várias empresas familiares. Em um primeiro momento, o fundador defende com unhas e dentes sua obra. Não raro, esse comportamento defensivo pode ser negativo, criando mal estar entre os envolvidos, ou a famosa “guerra de feudos” que volta e meia vemos desmontar grandes empresas quando o fundador deixa de estar presente. (infelizmente, sem sabres de luz para tornar as infinitas reuniões com advogados menos chatas).

Um outro caminho é tentar preparar o caminho antes que isso aconteça. Seja treinando os herdeiros para que a transição ocorra tranquilamente, seja procurando alguém mais qualificado para seguir tocando o barco.

Ficar velho faz parte da vida. De todos os lugares, se você busca inspiração de como envelhecer, e como fazer seu legado continuar se renovando, basta lembrar das sábias palavras do mestre Yoda: “Faça ou não faça. Não existe tentar”.



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