domingo, 19 de julho de 2015

Pedir demissão em meio à crise

Pedir demissão de um bom emprego em meio ao turbulento cenário econômico brasileiro foi a solução para reacender o brilho nos olhos




Olá!

Me chamo Marcus Ribeiro e sou administrador, casado e pai de duas lindas meninas. Além de ser autodidata, sou apaixonado por leitura e um eterno aprendiz.

Em maio de 2013 comecei meu estágio na área de Network de uma multinacional do segmento eletrônico e eletrodoméstico. O trabalho era bastante simples e operacional, e eu estava no 3º ano do curso de Administração. Era a minha chance de aprender um pouco mais, e agregar valor ao meu currículo para concorrer a uma futura vaga de trainee.

Já possuía certa experiência profissional, pois, anteriormente, já havia feito estágio em outras duas grandes multinacionais, tendo trabalhado na área de planejamento de manutenção e logística. Assim, além dessa pequena parcela de experiência profissional, possuía certa estabilidade emocional, e sabia como me comportar em um ambiente corporativo.

Logo nas primeiras semanas de trabalho acabei chamando a atenção dos coordenadores e do gerente do meu departamento, pela maneira como eu trabalhava. Era voraz, sedento, insano por produtividade e aprendizagem, todos os dias eu procurava fazer algo diferente e que agregasse valor.

No sexto mês de estágio veio a promoção. Havia conseguido a tão sonhada efetivação que tantos estagiários almejam. Nos primeiros meses havia um volume muito alto de trabalho, que não fez frente à minha disposição. No início de fevereiro de 2014 todo aquele trabalho havia sido sanado.

Naquele momento percebi que era hora de começar um trabalho mais analítico, criterioso, de planejamento e estruturação. Passei os próximos seis meses identificando falhas no processo, buscando ferramentas para aprimorar o trabalho, reduzir tempo e fazer mais com menos. No final do ano de 2014 fiz um ousado projeto para redução de custos na empresa, que tinha por objetivo economizar cerca de 500 mil reais para empresa ao longo do ano.

Estava em um momento fantástico na minha carreira. No último ano de graduação já acumulava uma bagagem de qualidade em minha vida profissional, e tudo estava conforme eu planejava. Os preparatórios de 2015 estavam a todo vapor, e eu me sentia extremamente realizado e mais disposto do que nunca.

O ano de 2015 chegou, e junto dele a crise bateu a porta, e a empresa sentiu duramente. Ao decorrer dos primeiros meses, vários cortes e férias coletivas, e minha área estava sob mira, pois, era pós-venda! A pressa da diretoria em enxugar os gastos era visível e eu vi todos os projetos em que eu estava inserido irem embora. 

Meu trabalho se limitava ao processo operacional, e em pouco tempo aquilo começou a incomodar. Pela primeira vez eu estava sentindo o impacto da crise em uma grande organização, e não podia fazer nada. Foram precisos apenas dois meses para esgotar minha paciência e, desde então, comecei a procurar um novo trabalho.

Na primeira semana de junho a empresa abriu um pacote de demissão voluntária, que consistia em mandar embora o funcionário, e junto a todos os seus direitos, um bônus de aproximadamente três salários mínimos. Logo na abertura do pacote, eu fiquei tentado a aderir, todavia, eu tinha três bocas em casa para alimentar, fora a minha, sem contar os demais benefícios que perderia. E assim durante três dias orei para Deus, conversei com meu coaching, e com pessoas do meu círculo de amizade que me ajudam na carreira profissional.

Feito! No dia 08 de junho às 13 horas chamei meu gerente para conversar em uma sala de reunião, e comunicar minha decisão. Ele ficou um pouco nervoso a princípio e bastante surpreso, mas, respeitou. Ficamos conversando por aproximadamente duas horas e ele me aconselhando e dividindo um pouco de sua jornada profissional. Lamentou mais uma vez, e disse que as portas estariam sempre abertas para mim.

Quando comuniquei a meus amigos todos reagiam dizendo que eu era louco, e estava cometendo suicídio, pois o mercado estava escasso e eu demoraria a arrumar outro emprego. Algumas pessoas da empresa me procuraram e perguntaram se eu havia arrumado outro emprego, e quando eu dizia que não, todos me olhavam com uma expressão de julgamento e ironia.

O que mais me surpreendeu foi a quantidade de pessoas que me confidenciaram que tinham vontade de pedir demissão e estavam insatisfeitas com seu trabalho, mas que não tinham coragem, e que por isso, preferiam ficar conduzindo suas vidas da forma como estavam, ou seja, esperando por algo inexistente.

Ao divulgar, durante um curso de Liderança que faço todas as quintas-feiras, que me desligaria da empresa, três pessoas da turma me procuraram para saber mais sobre meu caso, e recebi dois convites oficiais de emprego, ambos com ótimo salário. Assim, meu network estava me salvando.

No dia 12 de junho de 2015, me desliguei oficialmente da empresa, e no mesmo dia a tarde fui a uma reunião junto a duas pessoas que representavam uma empresa da área de comunicação.  A vaga em questão era na área comercial, e requeria um alto conhecimento em marketing e vendas, e eu não possuía ambas. Deixei bastante claro isso durante a conversa e também evidenciei todos os meus pontos fortes.

No dia 15 de junho recebi uma ligação de uma dos representantes da empresa, que perguntava o que eu havia decidido sobre a vaga, se eu aceitaria o cargo em questão, ou seja, a empresa estava atrás de mim. Aceitei o cargo, e começarei em breve. 

Aquela chama interior que existia em mim está acesa novamente. Toda aquele amor pelo trabalho, retornou. Hoje me sinto renovado, como se fosse um primeiro emprego.

Fiz questão que este artigo ficasse informal, pois o texto é longo. Queria evidenciar todos os momentos que passei dentro da empresa, meus valores e como conduzo minha vida. Vejo muitos amigos e amigas com extremo potencial de crescimento, entretanto, constroem uma zona de conforto em volta de si, e acabam desperdiçando o bem mais valioso que possuem o tempo.

Caro leitor, quero te convidar a fazer diferente, e ser parte de uma geração que busca valores e que toma decisões por sua vida profissional. Não deixe que outras pessoas falem o que é e o que não é melhor para você. Peça conselhos, busque ajuda e orientação profissional, mas não se esqueça, a decisão é sua!



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