Eu estou indignado com a política, mas a forma como cada vez mais estamos deixando de ser um povo do bem está me deixando muito mais triste
Eu sei que a crença em nosso país está baixa. É tanta corrupção, crise e atrocidades que assustam até as pessoas mais corajosas que já conheci. Acredito que mesmo meus heróis de infância como Dom Quixote, Thor e Wolverine estariam amedrontados com o que está acontecendo.
Mas, por essas ironias do destino, acabei lendo um livro sobre Barack Obama e os EUA com sua crise. Eu vinha acompanhando atitudes fantásticas desse líder e seus resultados, mas eu queria entender mais a fundo a história dele antes de citá-lo ou pensar sobre isso (e não, esse não é um texto sobre ele).
Entre inúmeras matérias que eu li e, sobretudo, em um dos livros - o melhor deles - : “A cabeça de Barack Obama”. O que entendi como primordial foi que a crise, os problemas do povo e a esperança do mesmo estavam abalados. As pessoas precisavam de algo diferente, mas principalmente, elas precisavam voltar a acreditar – Yes, we can.
E foi lógico eu acabar levando os meus pensamentos ao Brasil. Dois fatos me chamaram a atenção hoje sobre o quanto realmente precisamos refletir sobre sermos brasileiros.
1º - Saiu a matéria de um garoto que está construindo um grande negócio com 14 anos. Ele tem o pai investidor e uma mãe super presente. O moleque é muito gente fina e está trilhando um caminho ótimo. Eu comecei a notar que algumas pessoas começaram a questionar tudo, sobre os pais estarem usando ele como imagem para os negócios deles e vários outros absurdos.
Por que não simplesmente aplaudir e ver o exemplo que, mesmo ele sendo alguém com mais facilidade para criar um negócio por ter o dinheiro da família e habilidade, ainda assim o fez e serve de inspiração para outros milhões de jovens? Isso é magnífico. Parece que ou o brasileiro ficou desesperado por atenção, de forma que qualquer coisa boa que acontece alguém vê a oportunidade de criticar para aparecer, ou, pior ainda - e que acredito estar acontecendo: estamos levando a nossa suja política para as nossas vidas.
Um senso de paranoia de que nada pode ser bom, tudo tem que ter um motivo sujo. Parece que não podemos ter heróis. Se surge alguém mandando bem no país, já é previsível: segundos depois vem uma série de pessoas buscando desmoralizar ou tirar o crédito daquilo. Parece que temos medo de ser gigantes pela nossa própria natureza, ou que somos invejosos intermináveis.
Como um otimista incurável, prefiro crer que estamos com receio de sermos grandes e aceitar que, sim, somos capazes de coisas incríveis.
Sério, às vezes eu fico besta ao ver que alguém faz algo maravilhoso, mas vem uma pessoa, sem o mínimo de embasamento, e crucifica o que foi feito, e aí, pior ainda, vêm pessoas que lêem apenas um tópico da crítica e se sentem felizes e aliviadas, pensando: “Ainda bem, não acreditava que alguém poderia ser tão bom, ou fazer algo tão foda”.
Isso só pode ser brincadeira, e daquelas de mal gosto. Como queremos um país grande, cheio de coisas legais acontecendo, se não podemos aceitar o fato que somos capazes disso? Como você quer que as pessoas confiem em você, o respeitem, sejam simpáticas, amadas e alegres se você não entrega nada disso?
Eu estou indignado com a política, mas a forma como cada vez mais estamos deixando de ser um povo do bem está me deixando muito mais triste. Sim, precisamos ajustar a política e essa palhaçada, mas não creio que reforma política nenhuma vai curar mazelas que estão ainda mais enraizadas.
Não podemos deixar de ser pessoas que querem fazer o bem e querem ser felizes. Pode parecer poético ou até besta, mas, fala a verdade, não é isso que você quer?
2º - Uma senhora estava meio perdida no aeroporto e com medo de perder um voo importante. Ela me parou e pediu orientação para onde deveria ir. Brasília é um aeroporto difícil mesmo de andar, muito grande e eu não tinha tanto tempo, mas tinha o suficiente para acompanhá-la, pois fiquei preocupado com o quanto ela estava assustada.
No caminho ela me contou um pouco sobre sua história, o que estava fazendo e quantas viagens incríveis tinha feito. Ao final da jornada ela veio me agradecer e pedir as mais sinceras desculpas por ter me amolado.
O que eu quero dessa história não é que você pense que o Bruno ajuda senhoras e ele quer palmas, não seja besta, preste atenção. O que interessa aqui é que ela me pediu desculpas por me atrapalhar enquanto estava fazendo o bem, algo agradável para mim, poder ajudar um semelhante. Como se devêssemos nos desculpar quando alguém nos ajuda ou simplesmente está tentando fazer algo melhor. E pior ainda, tem várias pessoas que criticam isso, dizendo que quem o faz "está querendo aparecer".
Se você reclama que o jornal está com notícias ruins ou compradas, quando aparecer uma pessoa que fez algo legal, aplauda e agradeça por ela estar ali dando um exemplo e querendo inspirar outros a fazerem também. Se você acha que tem algo mais importante para ela fazer, levante e vá você fazer algo bacana pelo seu país, pelo próximo.
A única coisa que não vai ajudar, que vai prejudicar e vai continuar nos afundando ainda mais é fazer o que grande parte faz: sentar, reclamar e buscar justificativas para que nada de bom possa estar acontecendo.
Porém, você pode pensar: “Ok, Bru, mas tem gente que faz atos bons e tem intenções ruins por trás”. Eu concordo, mas a grande maioria não, e é nelas que temos que focar, é nisso que temos que ter como exemplo, pois senão daqui a pouco ninguém vai quer fazer o bem. Aí pelo menos todo mundo não terá como errar, tudo é mal e ruim.
Mas, foi mal, eu não aceito isso. E não quero parar de acreditar. Esse é o meu jeito de tentar chamar a atenção e mudar pelo menos uma mente. Que uma pessoa diga: “show, então eu vou aplaudir e incentivar aqueles que estão fazendo o bem, vou parar de ficar dando bola para aqueles que ficam tentando afundar tudo isso e quando eu ver a oportunidade vou fazer algo legal pelo meu país também”.
Fonte: Administradores
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