Em um mundo de tantas complexidades é necessário decidir movido por inteligência e não por emoção
Noreena Hertz, autora britânica na área de liderança, lançou recentemente um livro de título muito sugestivo: ‘De Olhos Bem Abertos: Como Tomar Decisões Inteligentes em um Mundo Confuso’. O livro me chamou a atenção a partir do título e, ao ler, senti-me desafiado a reconhecer algo que é citado não apenas nessa obra, mas em várias outras: vivemos em um mundo confuso. Aquela ordem e o equilíbrio, tão comuns às gerações anteriores, parecem ter desaparecido, ou substituídos por uma nova ordem, que, em um primeiro momento, parece não existir.
Essa confusão é vista em todos os lugares. Há uma multiplicidade tão grande de opiniões, ideias, posições que o equilíbrio e a simplicidade deram lugar a uma aparente confusão e, em alguns casos, discórdia. Achar um consenso está cada vez mais difícil e agradar a todos com uma medida equilibrada se tornou praticamente impossível. O mundo, cada vez mais rápido, vai nos obrigando a refazer nossos conceitos; e alguns demoram mais para aceitar mudanças, enquanto outros, mais velozes, já se adaptam com facilidade, entrando em choque com os que ainda não se adaptaram.
E em meio a choques, dificuldades de conciliação e momentos de tensão diante das diferenças, surge a necessidade cada vez maior de o líder tomar decisões inteligentes, que amenizem a confusão e criem caminhos alternativos por onde os diferentes possam caminhar.
Tomar decisões inteligentes é algo difícil, porque, com o tempo, nos acostumamos a decidir motivados muito mais por nossas convicções, tradição e perfil psicológico do que propriamente com a inteligência. A preguiça, acompanhada pelo cansaço, nos leva a decidir por temas muito difíceis com o mesmo empenho intelectual utilizado para decidir pelas questões fáceis da vida e com as quais já estamos acostumados.
Precisamos aprender a aprimorar nossa maneira de decidir, analisando mais os temas que estão à nossa frente e lidando com as opiniões diferentes de forma muito mais elaborada, descobrindo maneiras diferentes de unir os diferentes diante de propostas novas. Aliás, propor algo novo é uma das ferramentas mais notáveis de uma decisão inteligente. Tentar dizer quem está certo, por vezes, é impossível, diante desse panorama de diversidade. Por vezes, todos estarão certos. Ou todos estarão errados. Então, uma proposta nova, diferente e desafiadora, poderá gerar uma nova expectativa por parte de todos, agregando e unindo forças.
As decisões inteligentes não se limitam a propor algo novo. Também é necessário desenvolver um raciocínio mais elaborado, considerando perdas e ganhos com base nas demandas desse tempo. O que era perda no passado talvez tenha se transformado em ganho e vice-versa. Assim sendo, é necessário raciocinar com os pés no presente e olhando para o futuro. Considerar as vantagens ‘a longo prazo’ é algo que todos devem incluir em suas decisões. O futuro tem se mostrado incerto e, até certo ponto, perigoso. Então, que tal raciocinar de maneira diferente? A leitura de bons livros que tragam prognósticos e tendências do futuro ajudam nisso. Estar aberto a considerar questões novas também. E o mais importante: saber que temos desafios enormes, que dependem de nossa inteligência em decidir o que de fato é melhor, e não apenas o que parece ser melhor.
A confusão está diante de nós. Não podemos recuar diante desse quadro real de instabilidade, diferenças, contrariedades e possibilidades múltiplas. Propor ideias novas e raciocinar com base no futuro são ferramentas inteligentes para os processos de decisão. Por certo, não dissiparão a confusão, mas nos darão um caminho adequado para lidar com ela.
Fonte: Administradores
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