Exercer trabalho em equipe não é carregar todo mundo nas costas, mas confiar no talento dos seus pares
Inevitavelmente, independente do porte da organização, você irá trabalhar com outras pessoas. Fato. Saber lidar com os demais, aceitar suas particularidades, controlar o seu próprio gênio, independente de exercer o papel de líder em um grupo, são questões fundamentais para o seu sucesso como administrador.
Particularmente, aprendi isso no tapa. Em minha adolescência, fiz parte do grêmio estudantil do colégio. Sabe aquele sujeito que pega todo o trabalho pra si pra depois ficar reclamando que ninguém faz nada e só ele é responsável por tudo? Eu era esse cara. Certa vez, em um bate-boca na sala de reuniões, um dos membros do grupo se virou pra mim e disse: “Leandro, você é muito bom no que faz sozinho, mas não sabe nem um pouco trabalhar em equipe”. Essa foi a melhor bofetada que já levei na vida, vinda de um garoto de 15 anos. A partir desse dia, passei a mudar minhas atitudes e minha própria percepção sobre trabalhar com outras pessoas, e isso foi algo decisivo na vida profissional que vim a desenvolver muitos anos depois. Espero poder encontrar novamente aquele garoto para lhe agradecer pelo que fez por mim.
Não tente entortar a colher
Logicamente, essa mudança não foi instantânea, do tipo da água pro Tang. Você reconhecer que tem uma fraqueza é apenas o primeiro passo, mas superá-la envolve uma verdadeira batalha consigo mesmo e com o seu ego maldito, que teima em iludi-lo com falsas percepções sobre você mesmo e sobre os outros. E quando se consegue superar isso de fato?
Não sei se você assistiu ao filme Matrix, um dos meus preferidos de todos os tempos. Em uma determinada cena, Neo, o personagem que vive uma jornada ao encontro de si mesmo, vê um garotinho entortando uma colher, aparentemente apenas com a força do pensamento. O diálogo que se segue é memorável. Enquanto Neo olha desconcertado para a colher, o garotinho fala:
— Não tente entortar a colher. É impossível. Em vez disso, tente apenas ver a verdade.
— Que verdade? — pergunta Neo.
— Não existe colher — responde o pequeno monge.
— Não existe colher? — estranha Neo.
— Você verá que não é a colher que entorta. É você mesmo. — conclui o garotinho.
Qual é o ponto aqui? Em sua jornada pessoal de crescimento, você irá procurar as raízes de suas crenças, de suas idiotices, de seus medos e inseguranças. Você irá procurar seu ego, porque você quer dominá-lo e não ser dominado por ele. O que ocorre é que nessa busca pelo ego, você irá descobrir a verdade. Que verdade? Não existe colher. Não existe ego. Essas distorções do tipo “eu sou o cara” não passam de desejos, necessidades de autoafirmação, aceitação, reconhecimento, ou qualquer outro tipo de armadilha do ego - o tal ego que nem existe.
Quando você se dá conta disso, acaba se abrindo para o verdadeiro crescimento. Você reconhece que pouco sabe, e isso abre a sua mente para que muito aprenda. Você se dá conta que o mundo é um lugar de possibilidades fantásticas, e que as pessoas que encontra pelo caminho têm muito a lhe ensinar.
Espero não ter dado um nó na sua cabeça com essa piração, mas, voltando ao nosso assunto, anote o que vou dizer agora: nós só conseguimos as coisas – qualquer coisa – através das pessoas. Não quero soar utilitarista quando digo isso, muito pelo contrário. O que quero deixar evidente para você, caro leitor, é que todas as nossas conquistas não são conquistas individuais. Haverá sempre a contribuição de incontáveis pessoas. Observe sua própria história de vida e tente reconhecer essas pessoas. O professor que lhe encorajou a aprender algo, alguém que lhe deu uma oportunidade de estágio ou trabalho, o sujeito que criticou alguma atitude errada sua, ou o outro que elogiou o seu trabalho. Seus pais. A sua companheira ou companheiro. Reconheça, seja sempre grato e nunca se esqueça: não existe colher.
Fonte: Administradores
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