quarta-feira, 28 de outubro de 2015

A crise de representatividade e seus impactos na economia

A falta de identificação da sociedade com o Poder Público traz significativos impactos na economia, os quais quero apontar aqui nesse artigo




Em junho de 2013, observamos profundas manifestações contra o atual sistema político em que vivemos, que mostraram a ampla insatisfação da população com os rumos do nosso país. A crise de representatividade se apresenta pela falta de identificação e de atendimento na relação dos cidadãos com o poder público. Os descasos com as demandas da sociedade e os constantes casos de corrupção trazem um abismo nesse relacionamento, o que instaura e agrava essa crise, que traz à tona significativos resultados negativos, e nesse artigo quero focar em um deles: o que será que a crise de representatividade traz de negativo para a economia?

Não podemos ignorar que economia, política, questões sociais e ambientais devem ser tratadas de forma diferente umas das outras, porém elas possuem forte ligação, visto que ações de uma temática podem interferir nas demais. Por exemplo, uma postura de mercado que vise apenas o consumo e não reflita sobre a sustentabilidade traz sérios impactos ambientais, bem como decisões políticas que priorizem apenas a economia trazem retrocessos nas questões sociais. Bom, aqui quero fazer uma análise do relacionamento da crise de representatividade, no âmbito político, com a economia, mostrando os impactos de uma sobre a outra.

A crise de representatividade traz um extremo ceticismo da sociedade às decisões e posições de um governo. Isso, potencializado a um momento econômico conturbado, traz extremo desânimo e temor para os cidadãos, sejam eles empresários ou trabalhadores, o que consequentemente freia o consumo e investimento nacional. Por insegurança nas decisões políticas, menos compras são realizadas e menos investimentos são planejados pelos empresários e por aqueles que sonham entrar no mundo do empreendedorismo.

Conforme as relações sociais estão se transformando, as demandas da sociedade estão se tornando mais pluralizadas e, assim como os avanços tecnológicos, surge a necessidade pelo atendimento de forma mais rápida e ágil, coisa que o Poder Público, em todos os âmbitos (Municípios, Estados e União), ainda não consegue realizar com eficiência. O engessado sistema burocrático brasileiro vem avançando, a curtos passos, na busca por uma Administração mais dinâmica, porém as relações políticas travam mudanças que possuem extrema urgência. Barganhas e interesses políticos, infelizmente, acabam sendo colocados à frente do interesse da população como um todo. E, dessa forma, os cidadãos vão se distanciando do Poder Público, desacreditando de suas decisões e perdendo o sentimento de posse do Espaço Público.

Refletir que os problemas econômicos brasileiro vai muito além das altas do dólar, taxas de juros, dos impostos e, consequentemente, da inflação, se faz necessário. As relações políticas e a forma como nós cidadãos e eleitores nos sentimos nessa relação com o Poder Público interferem de forma direta e indireta nos rumos econômicos do país e deixar de realizar essa análise é deixar de entender boa parte dos problemas que vivemos atualmente no país, seja qual for o âmbito, institucional, político, econômico, ambiental e social. Tudo está interligado e, nesse sistema, uma coisa influencia a outra. Resolver paliativamente um problema é apenas apagar a parte visível do fogo, mas não o foco do incêndio e, de tempos em tempos, novas deficiências econômicas do país aparecerão nesse ciclo vicioso.



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