Que transformações se tornarão perenes após o fim da crise e como isso influenciará a relação do consumidor com as marcas?
O crescimento de 0,5% no PIB, apontado pelo Banco Mundial (Bird) para este ano, seria irrisório não fosse pelo fato de termos andado de ré nos últimos dois anos. Saber que paramos de cair e que começamos a escalar a subida, mesmo que timidamente, eleva o grau de otimismo entre empreendedores, investidores e consumidores. Além disso, os especialistas também apontam para um crescimento em torno de 1,8% para 2018 e se essa perspectiva se concretizar, poderemos dizer adeus à crise, definitivamente.
Nesse período de recessão em que todos os setores amargaram grandes quedas – só a indústria acumulou retração de 14,9% nos últimos 2 anos, segundo o IBGE – muitas empresas não sobreviveram e tantas outras passaram por fortes processos de transformação em que tiveram que rever processos, enxugar custos, investir em inovação e tecnologia, enfim, reinventar-se. Talvez, seja esse o lado positivo da crise: forçar as empresas a olharem para dentro e otimizarem a gestão. Feito isso e sobrevivido, elas estão prontas para a retomada do crescimento da economia.
Mas, durante esse mesmo período, os consumidores também passaram por grandes transformações e novos hábitos de consumo surgiram em meio a tantas incertezas, inflação em alta e emprego em baixa. Quem não fez algum tipo de economia ou segurou a compra de bens de maior valor? Substituímos as marcas convencionais por opções mais baratas, fomos mais a brechós, voltamos a consertar as coisas ao invés de simplesmente descartá-las, encontramos formas de lazer mais em conta e até reprogramamos a realização de alguns sonhos. A pergunta é: quais destas transformações se tornarão perenes após o fim da crise e como isso influenciará a relação do consumidor com as marcas? Será que as empresas estão preparadas para esse novo consumidor?
Os consultores britânicos Paul Flatters e Michel Willmott, especialistas em projetar tendências de consumo, nos apresentam uma resposta. Com base em mais de 20 anos de experiência no estudo de hábitos e estatísticas sobre a conduta do consumidor, eles elencaram tendências de consumo usuais nos períodos de pós-recessão e que causam implicações para a atividade empresarial. Vamos a elas:
- Busca da simplicidade em produtos e serviços: o consumidor já entra na crise se sentindo asfixiado pelo grande volume de ofertas e quando retoma o poder de compra, opta por produtos e serviços mais simples e que lhe tragam maior benefício, especialmente tecnologias menos complicadas e mais fáceis de usar.
- Valorização da ética empresarial: na recessão, as pessoas buscam punir os supostos culpados pela péssima situação e não toleram empresas inescrupulosas que tenham posturas antiéticas com os colaboradores, clientes e fornecedores.
- Austeridade voluntária: mesmo que as pessoas não sejam atingidas diretamente pela crise e continuem com o poder de compra inalterado, elas passam a consumir menos, assumindo uma postura de insatisfação com o consumo desenfreado.
- Troca de marca sem remorso: o consumidor é volátil e menos fiel às marcas. A difusão instantânea de opiniões pelas redes sociais dão força a essa tendência.
- Ceticismo quanto à qualidade das informações das fontes oficiais: o consumidor decide pela aquisição de um produto e serviço através da opinião da rede de relacionamentos e de outros consumidores, e não pelas informações que a empresa dá sobre si mesma.
- Busca por experiências menos extremas: a tendência de acumular experiências e não bens materiais continua, porém as mais extravagantes perdem força. Saem de cena as experiências mais exóticas, caras, fúteis, perigosas e nocivas ao meio ambiente e prevalecem aquelas com custo mais baixo e que priorizam um estilo de vida mais saudável e conectado com a natureza.
Então, alguma delas afeta o seu negócio? Os consultores britânicos afirmam que a jovem geração de consumidores pode muito bem levar consigo, para o resto da vida, a atitude e o comportamento adquiridos durante a crise e fazem um alerta: “Seria bom que toda a empresa entendesse o que esses consumidores querem e se preparasse para atender a esses desejos”. Fica a dica!
Momento do ADM, Adriana Moser - 02 de abril 2017.
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