segunda-feira, 6 de março de 2017

Crise é desafio para exercício da liderança

A exigência de um trabalho bem feito, com qualidade, a definição clara de regras e metas, uma postura firme e assertiva para gerir pessoas e lidar com conflitos, até mesmo a “cobrança” por resultados, são características essenciais para um líder eficaz.



Considerando o cenário de mudanças ocorridas nos últimos anos, de ordem tecnológica, sócio-ambiental, política e econômica, ainda mais agravada pela crise financeira americana, com bancos “quebrando”, falta de crédito, desemprego aumentando, entre outras, observamos transformações significativas nas organizações e principalmente na atuação dos gestores. As empresas estão desafiadas a identificar soluções para driblar a crise e manter sua competitividade. O que esperar do líder neste momento e em um futuro próximo?

Segundo Daniel Goleman, responsável pela popularização do conceito de Inteligência Emocional, agressividade e mau comportamento não são mais atributos valiosos de um líder. Aquele chefe “casca grossa” está ficando cada vez mais sem espaço nas organizações. Além disso, o trabalhador de hoje tem maior consciência dos seus direitos, quer qualidade de vida e busca um ambiente agradável para trabalhar.

Além de Goleman, teóricos como Peter Senge e Peter Drucker, lá na década de 90, começavam a desenhar um novo perfil de liderança, mais humano e comprometido com valores sociais e éticos. Na sociedade do conhecimento, as pessoas passam a ser valorizadas pelo seu capital intelectual, considerado o principal diferencial competitivo das organizações. De servido, o líder passa a servir seus colaboradores na chamada “Liderança Servidora” e as mudanças de paradigma vão sendo implementadas gradativamente.

É claro que não estamos falando de um líder laissez-faire. A exigência de um trabalho bem feito, com qualidade, a definição clara de regras e metas, uma postura firme e assertiva para gerir pessoas e lidar com conflitos, até mesmo a “cobrança” por resultados, são características essenciais para um líder eficaz, principalmente considerando o momento atual de incertezas e adversidades.

Para Srikumar Rao, professor da London Business School, um profundo analista do comportamento de líderes, visto que, ao longo de anos de experiência, tem observado seus alunos gestores, o líder bem sucedido no futuro será aquele que desenvolverá estratégias e sistemas para criar uma organização de “profunda fidelidade” seja com colaboradores, fornecedores e consumidores.

Perseguir lucros, na opinião de Rao é fundamental, desde que seja administrado em consonância com a missão e propósitos da empresa. Além disso, o reconhecimento pessoal e material precisa ser justo em todos os níveis, havendo uma distribuição coerente, de acordo com as responsabilidades e competências. A remuneração excessiva do líder não é bem vista pelos colaboradores, pois pode refletir concentração de poder, causando desmotivação e descompromisso. O líder deve inspirar respeito profundo pela virtude de sua personalidade e competência pessoal.

Não compete ao Líder, na opinião de Rao, motivar seus colaboradores. A motivação pode ser vista como “manipulação sofisticada”, para que colaboradores relutantes façam o que não estão interessados em fazer. O líder deve identificar obstáculos desmotivadores de seus colaboradores e eliminá-los. Procurar formas de ajudar os colaboradores a se realizarem no trabalho, encorajando-os a colocar em prática o melhor do que são capazes. Mas a “intenção” do líder de realmente contribuir com o crescimento dos liderados ou a transparência de propósitos é importante, pois do contrário compromete a confiança e perde-se a lealdade.

Dividir as “cargas”, mas também as vitórias, cuidar das pessoas, eliminar despesas supérfluas antes de demissões, buscar oportunidades de desenvolvimento para os liderados, definir códigos claros de conduta, respeitar a força do grupo, delegar, saber a hora de “passar o bastão”, são algumas atitudes que fazem a diferença no exercício da liderança.

O que falar dos líderes brasileiros? Sabemos que o brasileiro é criativo, tem flexibilidade e adaptabilidade para lidar com crises e adversidades. Mas, às vezes, o chefe “linha-dura” ainda parece valorizado pelos dirigentes das organizações. Contudo, ambientes muito estressantes são nocivos para a saúde dos colaboradores, afetando a imagem da empresa de forma negativa. O importante é saber dosar seriedade, firmeza e transparência nas ações, com leveza, respeito e consciência de que o lado humano é um ingrediente fundamental para uma liderança eficaz.


Momento do ADM, Cláudia Suely de Almeida - 06 de março 2017.


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