Não obstante a tristeza com o incidente ocorrido, o fato é
que de certa maneira podemos transportar este caso para o mundo corporativo
O lamentável acidente do heptacampeão Michael Schumacher
trouxe além da surpresa, inevitáveis comparações entre a atividade de alto
risco desempenhadas por anos a fio e a fatalidade decorrente de um simples
hobby de inverno. Quantas curvas a mais de trezentos quilômetros por hora,
ultrapassagens perigosíssimas, acidentes em largadas, corridas contra o relógio
para a pole position, tempo ruim e pneus não apropriados, as quais confirmam e
colocam a modalidade como um dos esportes mais perigosos, haja vista os
exemplos brasileiros Felipe Massa e Ayrton Senna.
Experiência acumulada, profundo conhecimento da máquina,
circuitos, concorrentes e ecossistema, entrosamento com a equipe, suporte e
investimentos de uma grande marca em tecnologia, performance e segurança,
certamente fizeram a diferença em todos estes anos. Ter começado a dirigir kart
quando criança, galgado os degraus das fórmulas 3 e 2, pilotar em uma equipe de
ponta, detectar eventuais problemas literalmente sentindo o carro, comunicar-se
com os mecânicos em menos de 10 segundos de parada, conhecer cada curva e a
maneira de dirigir em tempo quente, frio, seco ou molhado, adaptando-se aos
perfis dos concorrentes é algo que não se adquire do dia para a noite. O que
talvez não fosse o caso como esquiador.
Não obstante a tristeza com o incidente ocorrido, o fato é
que de certa maneira podemos transportar este caso para o mundo corporativo.
Conheço executivos competentes e experientes que acidentaram-se em maior ou
menor grau ao tentarem praticar outra modalidade, aventurarem-se em novas
pistas, pilotarem em terrenos desconhecidos ou se desentenderem com novos
mecânicos, seja ao trocar de segmento de atuação, mudar para empresas com
culturas organizacionais opostas ou querer subir a todo custo, queimando
etapas. Vejamos os riscos e as maneiras de minimizá-los, evitando eventuais
derrapadas em sua carreira.
A maioria dos profissionais se especializam com o tempo em
determinado mercado. Conhecer as estratégias, politicas, fornecedores,
clientes, concorrentes, marcos regulatórios e indicadores faz com que tenhamos
uma melhor posição no grid de largada, seja para ganhar uma venda, conquistar
um cliente ou resolver um problema. Mudar de segmento pode soar tentador para
conhecer novas práticas e respirar novos ares. Caso este seja seu caso, saiba
que será necessário fazer o melhor tempo em diversas voltas para alcançar os
demais pilotos, já que ninguém quer bancar o retardatário.
Outros profissionais por sua vez constroem carreiras
duradouras em uma única organização. Saber os procedimentos, os sistemas, as
burocracias, os produtos, ramais e e-mails de cor e salteado, assim como ter
amizades que extrapolem as barreiras corporativas faz parte após anos de casa.
Mudar de ambiente muitas vezes se faz necessário, uma vez que não valorizar as
pratas da casa não é exceção. Estudar a fundo o manual do proprietário para
saber os detalhes do veículo, a ordem de entrada no box e o nome dos mecânicos
deverão ser suas prioridades nas primeiras voltas.
Há ainda aqueles que tem como desejo subir ao pódio, custe o
que custar. Visão estratégica, pulso firme para a tomada de decisões, liderança
e sangue frio são características intrínsecas, seja em uma nova empresa ou
mercado. Aqui vale o conhecimento do ecossistema, o engajamento dos
colaboradores em metas de longo prazo e o entrosamento com os acionistas e o
conselho. Pilotos de ponta devem circular entre a graxa, o glamour e o mundo
politico das pistas, festas e patrocinadores. Ter uma poderosa rede de
relacionamentos certamente ajudará nos primeiros meses, quando todos os
holofotes estarão voltados para você. Não subir ao pódio nas primeiras provas
pode ser frustrante para ambos os lados.
Enfim, ano novo é uma boa hora para estabelecer metas e
objetivos para a carreira, criando um marco e um significado especial para a
mudança. Estabeleça-as e pise fundo para conquista-las, porém tenha cuidado
caso almeje conhecer novas modalidades, circuitos, equipes ou deseje subir ao
pódio, queimando etapas. Apesar de trazer frescor a carreira tirando-nos da
zona de conforto, trocar o conhecido pelo desconhecido pode ser bastante
perigoso. Analise as oportunidades e lembre-se que o sucesso é uma combinação
de esforço individual, trabalho em equipe, ambiente colaborativo e conhecimento
de mercado. Afinal ninguém consegue ganhar títulos sozinhos, mesmo com a
habilidade de Schumacher. Boa sorte e que tenha uma breve recuperação.
Fonte: Administradores


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